- Posso ir?
- Não!
De maneira irritantemente repetitiva e rápida, era esse minúsculo diálogo que ocorria em casa em dias de jogo do Rubro. Eu, garoto ainda (seis anos), sabia quase que de cor os dias em que o América jogaria em seu estádio. Nesses dias, ficava ainda mais à espreita dos passos do meu pai, fitando seus movimentos com atenção redobrada. De repente, lá estava ele calçando o tênis, pegando o boné para proteger-se do sol fustigante da minha São José do Rio Preto e, por fim, vestindo a camisa do Rubro. À época, essa camisa era feita com um tecido grosso, tão grosso que, mesmo você transpirando em bicas, era difícil que ela ficasse molhada pelo lado de fora por conta do suor. Não raramente, ele saía com ela dobrada sobre os ombros, postergando o sofrimento de ter que vesti-la às quatro horas de uma tarde qualquer do verão local. Meu velho, de radinho em punho, já atravessando o portão rumo à rua, às vezes ainda ouvia uma última investida desesperada:
- Mas, pai... É o Noroeste. Não vai ter muita gente. Deixa eu ir??
- Não!
Simples assim. Sem maiores explicações. "Não!" Eu descia o corredor que dava acesso à minha casa empaçocado de raiva. Não me conformava com aquilo. Afinal, quem, diabos, frequentava o estádio do América? Monstros do mal, prontos a esquartejar e devorar as entranhas de moleques indefesos?
Ia pra cozinha, pegava o rádio da minha mãe, ajeitava uma partida de futebol de botão na mesa da área de serviço e ficava ouvindo o jogo pela hoje finada Rádio Independência. Minha mãe, de temperamento normalmente severo, nunca me questionou por pegar o rádio dela nessas ocasiões. Hoje, quando olho pra trás, imagino que ela sabia e respeitava aquele meu momento de raiva. Deixava que o pegasse como uma espécie de "prêmio de consolação". Aliás, tenho minhas dúvidas se não era ela quem proibia meu pai de me levar ao estádio.
Tudo faz muito mais sentido hoje. Olho para minha filha de cinco anos, um ano mais nova do que eu quando dessa passagem, e entendo claramente que a preocupação dos meus pais para comigo era uma só: minha segurança. Mesmo, aqueles, sendo tempos mais aprazíveis quanto à segurança e ao respeito ao próximo, levar uma criança de cinco ou seis anos para dentro das dependências atarracadas do nosso inesquecível "caldeirão" não era uma atitude das mais sensatas. Obviamente, não havia opções de lazer na quantidade como temos hoje. E o América daqueles tempos, independentemente de seu desempenho em qualquer campeonato que estivesse disputando, levava um número considerável de torcedores a cada partida disputada em seus domínios. Todo jogo era o "evento da semana". Portanto, nada mais natural que um pai considerasse arriscado levar um filho pequeno para acompanhá-lo na jornada futebolística.
As arquibancadas do velho Mário Alves Mendonça eram estreitas e íngremes. Com a torcida americana sempre presente, era impossível trafegar por elas sem chutar as costas de um ou outro incauto. Os banheiros eram poucos e distantes – todos os sanitários do M.A.M. se assemelhavam, verdadeiramente, a uma visão do inferno. Escuros, com encanamentos à mostra, sujos e com "aquele cheirinho delicioso de lavanda" no ar... Os vendedores de água, refrigerante ou sorvete tinham dificuldade redobrada de transitar pelas arquibancadas. Logo, se você achasse que estava começando a ficar com sede, o ideal era comprar logo seu copinho d'água do vendedor que estivesse na vizinhança, sob pena de ter que enfrentar um trajeto muito mais penoso: descer as arquibancadas abarrotadas de gente do M.A.M. e enfrentar filas quilométricas nos dois únicos bares existentes ali nas gerais. Resumo da ópera: qualquer monge budista espumaria de raiva se tivesse que se submeter a isso. Meu pai, de temperamento introspectivo para comigo, nunca teve paciência para me explicar isso, talvez por imaginar que eu não entenderia.
M.A.M. lotado em jogo do América contra o XV de Piracicaba em 1978. (fonte: site América F. C.)
O tempo passou. Entrei na primeira série depois de fechar com chave de ouro a pré-escola. Estava na plenitude dos meus 7 anos. Eu havia, enfim, "crescido". Bom, ao menos eu achava isso. No meu aniversário daquele ano, ganhei coragem redobrada para pedir a meu pai para que, como merecido presente, me levasse pela primeira vez ao M.A.M.
Haveria uma festinha simples de aniversário naquela noite no quintal de casa para comemorar meu aniversário, com direito a cachorro-quente, refrigerantes e canudinhos de biju com maionese. Meus primos, alguns amigos e familiares estavam lá. Porém, a chuva que caiu naquela noite pôs a perder todos os enfeites que, imagino, meu pai e minha mãe tinham feito pra mim às duras penas. As bexigas estouraram uma a uma. Para fugir da chuva, todo mundo se espremeu dentro da nossa casa, que era bem pequena, e também na área de serviço que tinha uma modesta cobertura. Morávamos nos fundos da casa da minha avó. A falta de conforto para os convidados, obviamente, deixou os nervos dos meus pais à flor da pele. Meus planos de fazer qualquer tipo de cobrança naquela noite, por uma questão de integridade física, estavam adiados.
Os Campeonatos Paulista daquela época eram uma bagunça ridícula. A cada ano, inventava-se um regulamento estapafúrdio diferente. Não havia calendário pré-definido. Campeonatos começavam em um ano e terminavam só no ano seguinte. Em março de 1979, mês do meu sétimo aniversário, estava ainda sendo disputado o Paulistão iniciado em 1978. Como só faltava um jogo para o América disputar por aquele certame (contra o XV de Jaú), achei melhor esperar o início do Paulistão de 1979, previsto para julho, para recomeçar as investidas junto ao meu pai.
Tal como faria um perdigueiro procurando pela caça, passava pela banca próxima da minha casa toda semana, religiosamente. Motivo: verificar se a revista Placar daquela semana trazia o "Tabelão do Campeonato Paulista. Tratava-se de uma página dupla em papel couchê, com acabamento gráfico caprichado (todos os símbolos dos clubes), todos os jogos e datas (com espaço para você marcar o resultado de cada uma das partidas) e também uma planilha onde você poderia marcar os pontos de todos os times, rodada a rodada. Quando consegui pegar a tabela, li, para meu desespero, que o primeiro jogo do América em casa seria contra o Santos, campeão paulista do ano anterior. Se meu pai não me levava em um jogo contra o Noroeste de Bauru, não seria contra o campeão paulista que o faria. Para piorar, o campeonato começou bem no início de julho, época de férias escolares. Aproveitando o recesso escolar, lá fomos nós viajar de trem para Várzea Paulista para meu pai visitar meu tio na sua nova e humilde casa. Ficamos lá uma semana. O suficiente para que o América sapecasse, consecutivamente, 2x0 no Santos e 1x0 no XV de Piracicaba dentro do M.A.M. O jogo contra o XV era para ter sido "o meu jogo"!! Minha primeira vez no M.A.M.!! E eu em Várzea Paulista, subindo e descendo aquelas ladeiras, comprando pão, carne e fermento para minha tia.
Voltamos para São José do Rio Preto. Chegamos bem na semana em que o América saiu para jogar dois jogos fora de casa. Que desespero... "Minhas férias vão acabar e eu não vou ver conseguir ver um jogo do Mecão", pensava. Imaginava que, com meu retorno às aulas, meu pai teria paz e força redobrados para continuar me dizendo "não!" quando eu o interpelasse para ir ao estádio. A agonia aumentava: nos dois jogos fora de casa, o América destruiu, respectivamente, a Francana no Estádio Lancha Filho (1x0) e a Inter de Limeira no Limeirão (4x0). Quatro vitórias consecutivas! Que timaço que o América havia montado! O artilheiro do Paulistão daquele ano foi, inclusive, um jogador do América: o matador Luiz Fernando "Gaúcho" Trieweiler, com 27 gols. Com o time embalado, imaginei que meu pai não me levaria sequer para ver um coletivo de fim de tarde do América.
Luiz Fernando “Gaúcho”, artilheiro do Paulistão de 1979 (fonte: jornal Diário da Região)
Depois da vitória contra a Inter, numa quarta-feira à noite, estava com meu pai fazendo o "ritual" que repetíamos ao término de cada rodada: ele de posse da sua caneta, sentava-se à mesa da cozinha e, enquanto ouvia o plantão de esportes da Rádio Independência, ia marcando os resultados da rodada na sua tabela da Placar. Eu fazia o mesmo na minha. Tomava cuidado para não chacoalhar a mesa, pois meu pai anotava tudo com o máximo capricho. Na certa, caso eu o fizesse errar suas anotações por conta de algum chacoalhão indevido, tomaria aquela fitada profunda que me doía mais do que qualquer surra que já tenha tomado na vida. Ele tinha uma letra bonita, ao contrário da minha caligrafia ainda sofrível.
Terminado o "ritual" com meu pai, ironia suprema, não disfarcei que estava chateado por saber que, dada a excelente fase do América, não seria possível que eu ainda fosse ao estádio, pelos motivos de sempre. No jogo contra o XV de Piracicaba, por exemplo, o público foi de quase dez mil pagantes. Portanto, nem me dei ao trabalho de questionar nada naquele momento. Meu pai olhou disfarçadamente pra mim. Como de costume, não falou nada. Eu estava resignado e confuso. Muito confuso. Porque, ao mesmo tempo em que estava feliz de acompanhar o América embalado e ganhando sucessivas partidas, ficava triste por saber que justamente essas vitórias afastavam-me da possibilidade de, enfim, conhecer meu amado clube.
No domingo, dia 22 de julho, o América jogaria contra a Ponte Preta – a mesma Ponte Preta que fora vice-campeã paulista em 1977 e que tinha um elenco fabuloso à época, composto por excelentes jogadores como o goleiro Carlos, Odirley, Humberto, Toninho Costa e outros mais. Estava no meu quarto lendo algum gibi depois do almoço de domingo. Praticamente escondido. Não queria mais ver meu pai se preparar para ir ao jogo. Ele que fosse e ponto final. Mas naquele tarde, algo diferente aconteceu. Meu pai apareceu na porta do quarto e falou algo. Algo que nunca disse antes. Falou rápido, como se quisesse passar a informação de uma vez só e sem direito a réplicas:
- Se arruma que hoje você vai comigo. Se não estiver pronto às três da tarde, vai ficar.
Ouvi essa frase enquanto lia o gibi. No momento em que a assimilei, abaixei a revistinha e, quando olhei para a porta do quarto, nem vi mais a figura do meu pai. Dei um pulo. Num piscar de olhos, lá estava eu, em pé, no centro do meu quarto, tentando agora digerir o que havia acabado de ouvir.
- Será possível que eu escutei o que eu acho que escutei? – pensei.
As lembranças a partir daí são meio difusas. Eu queria sair e abraçar o meu pai. Queria confirmar o horário que iríamos sair. Queria perguntar se eu poderia pôr meu boné. Mas não iria fazer nada disso. Porque aquela frase que eu havia ouvido minutos antes da boca do meu velho, para mim, era como a cristaleira mais frágil do mundo. Qualquer movimento indevido de minha parte e eu a "quebraria". Não arriscaria fazê-lo se arrepender do que havia decidido fazer naquele domingo, irritando-o com alguma pergunta estúpida de minha parte. Vesti meu tênis, botei meu boné e, imediatamente, corri para o corredor e fiquei debaixo da garagem da casa da minha avó. Fiquei ali um tempão. Mas eu não estava nem aí. Ficaria ali o tempo que fosse necessário. Com a adrenalina dando uma diminuída, me dei conta que ainda era início da tarde. Cedo demais para sairmos rumo ao estádio. Nem notei que, quando meu pai havia falado que eu iria com ele ao estádio, era por volta da uma da tarde. Como ele não aparecia, concluí que ele estava tirando a costumeira sesta pós-almoço de domingo. Ou seja: fiquei ali exatamente duas horas, esperando por ele para irmos ao M.A.M.
Quando ele finalmente apareceu, "trajado a rigor" para o jogo, olhou pra mim na garagem e concluiu, sabiamente, que eu estava ali de plantão desde o momento em que me comunicou da sua decisão.
- Vem cá! – ordenou.
Me aproximei, ressabiado. Ele botou a mão no meu ombro e falou olhando nos meus olhos:
- Vá fazer um xixi e tomar água. Lá no estádio hoje vai estar cheio e não quero choradeira.
Enquanto dava um pique para o banheiro e depois para a cozinha, não conseguia parar de pensar que eu estava prestes a realizar aquela vontade de longa data. Não me lembro se fomos de carro (meu pai havia acabado de comprar seu primeiro Fusca) ou ônibus. Mas nós fomos.
Chegar na Avenida da Saudade, que margeia um dos lados do estádio, e ver toda a movimentação do lado de fora do "caldeirão", foi assombroso. Um misto de euforia com apreensão. Era muita gente junta. Eu não queria perder nada: as rodas de amigos falando alto, as diferentes versões das camisas do América que cada um trajava, as discussões empolgadas sobre o elenco daquele ano. Lembro do cheiro de pipoca e sumo de laranja no ar. Lembro do empurra-empurra na fila para comprar o ingresso do meu pai. Lembro do empurra-empurra para entrar no estádio. E, enfim, lembro do exato momento em que botei os pés para dentro do estádio. De mãos dadas com o meu pai, eu parecia um daqueles cachorros que, seguros pela coleira, puxam o dono a todo custo pra frente, mesmo que quase se auto-sufocando. Queria sair do meio daquele turbilhão e, enfim, ver o gramado, as traves, as arquibancadas do MAM. E eu vi tudo isso. E vi um mar de gente com camisas vermelhas já se acomodando no concreto quente. Meu pai, surpreendentemente, olhava para mim e parecia entender que eu estava numa espécie de catarse. Respeitou aquele momento que era meu. Em seguida, me puxou pelos ombros para que "escalássemos" as arquibancadas quase verticais do nosso templo. Quando nos acomodamos, notei que estávamos na lateral do campo onde ficavam as imensas e desajeitadas placas de propaganda que separavam o estádio das dependências do clube social do América. Era possível ver as piscinas cheias de gente. Estavam ali todos aqueles que optaram por curtir aquele domingo quente na piscina junto com a família ao invés de tostar em cima daquele concreto que emanava um mormaço quase sufocante. Os gritos de guerra subitamente aumentaram. A ansiedade claustrofóbica de aguardar o time entrar em campo me levou a perguntar mais de uma vez ao meu velho pai qual era o túnel de entrada do vestiário do América. Eu não queria perder nada daquele espetáculo. Eu não queria perder o exato momento que veria, pela primeira vez, meu clube 'in loco'.
Vista aérea do M.A.M. e o local onde fiquei no primeiro jogo que vi em suas arquibancadas (fonte: site América F. C.)
Eis que entra em campo o América. Quando eu vi aquele esquadrão aparecendo no gramado, vestindo suas fardas na cor rubra, a torcida aplaudindo em êxtase, os fogos de artifício ensurdecedores estourando sobre o céu atrás do "gol do cemitério" e todo o time nos saudando, eu, com meus parcos sete anos, tive então a primeira certeza absoluta em minha vida: o América seria mesmo o meu time do coração pelo resto da vida.
O jogo? Bom... Lembro de assistir a um jogo disputado. Lembro como era difícil ouvir o nome dos jogadores dito pelo locutor no rádio do meu pai – isso porque o aparelho estava colado nos seus ouvidos. Recordo-me da aflição para conseguir ver um ataque perigoso do América pois todos os torcedores levantavam-se ao mesmo tempo e eu, como minha estatura diminuta, ficava tentando, aos pulos, ver o que estava acontecendo.
- Foi gol, pai?
- Não, o maldito conseguiu errar!
E lá íamos todos nos sentar. O infeliz hábito de roer as unhas, que carrego comigo até hoje, existia já naquela época. Meu pai me repreendeu de maneira severa, pelo menos, umas três vezes naquela tarde por fazê-lo. O time da Ponte Preta tomou um belíssimo sufoco. Mas era um time experiente. Segurou o ímpeto americano no primeiro tempo e conseguiu igualar as forças no segundo tempo... Meu pai passava a mão pelo rosto. Sinal de que estava preocupado. O América criava chances mas não conseguia fazer seu gol. Luiz Fernando estava sob marcação cerrada. Não conseguia dominar a bola de costas para o gol, fazer o giro e mandar a "patada de esquerda", algo que já se tornara sua marca registrada. Havia sempre dois marcadores colados ele. De qualquer maneira, meu coração quase saiu pela boca em dois momentos diferentes, dois lances onde a bola não entrou por milagre. Em ambos, a bola bateu na rede pelo lado de fora dando a clara impressão de gol. A torcida chegou a soltar o papel picado. Alarme falso! Como num roteiro exato e repetitivo daquilo que eu viveria em todos esses anos em que acompanho o América, o castigo veio no final... e da maneira mais dolorida. Aos 42 minutos do segundo tempo, a Ponte fez 1x0. Era um negócio tão injusto que, na minha cabeça, o juiz tinha que, de algum jeito, deixar o Rubro ao menos empatar.
O jogo terminou logo em seguida. A torcida saiu silenciosa. A mesma torcida que havia feito uma festa bonita desde antes do início da partida. Aprendi já naquele primeiro jogo que em dias como esse o torcedor americano sofria calado. Não havia força alguma para gritar, praguejar, espernear...
Recorte do jornal Diário da Região sobre essa partida com a Ponte Preta
Chegando em casa, o ritual de preencher a tabela da Placar foi feita por mim e pelo meu velho, como de costume. Ele não conversou comigo. Não perguntou o que eu havia achado daquele primeiro jogo que eu havia visto no M.A.M. Como sempre, também não dirigi a ele nenhuma palavra. O rádio seguia dando os resultados. Fui dormir. Antes de pegar no sono, as imagens daquele dia teimavam em aparecer claras na minha mente. Era absolutamente impossível não pensar naqueles momentos pelos quais passei naquele dia. E concluí que não estava triste. Estava abismado. E feliz. Era como se eu soubesse que a vingança viria no segundo turno (e veio com um maiúsculo 3x1 sobre a mesma Ponte Preta em seu estádio, o Moisés Lucarelli, com direito a dois gols do matador Luiz Fernando). Mas a felicidade era por outro motivo. Era porque eu sabia que, passada aquela primeira experiência, eu poderia fazer parte de outras dali por diante. Aqueles "Não!" que meu pai me dirigia seriam bem menos frequentes.
E me lembro do dia seguinte àquele domingo. Uma segunda-feira quente em que meus amigos do Colégio São José, pouco antes de formarmos a fila para entrar na sala de aula, me cercaram para perguntar como havia sido o jogo. E eu contei. Com a economia de adjetivos característica de um garoto de 7 anos. Mas com um brilho no olhar que não negava que ali, contando a história, estava um americano nato até o fim dos seus dias.