Na década de 1970, o América obteve ótimos resultados diante de São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos. A quarta matéria da série de dez edições semanais em homenagem ao Vermelhinho, que fará 70 anos no próximo dia 28 de janeiro, relembra a excelente campanha realizada em 1975, quando terminou em terceiro lugar no hexagonal final. Enfoca ainda outros quatro triunfos conseguidos em 1976 e no início de 1977.
No domingo, dia 10 de agosto de 1975, houve rodada tripla no Morumbi, para decidir o returno do Paulistão. América e Palmeiras abriram a tríplice jornada no incomum horário das 13h. Na sequência jogaram Corinthians x São Paulo e Santos x Portuguesa. Fato inimaginável para os dias atuais. Principalmente por colocar as torcidas dos quatro grandes no mesmo palco, num mesmo dia.
Quatro dias antes, o árbitro Roberto Nunes Morgado havia prejudicado o time rio-pretense ao legitimar um gol impedido de Tata, da Portuguesa, no empate de 1 a 1. Houve revolta geral, a diretoria americana retirou a equipe de campo e o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) deu os pontos da partida para a Lusa. Mesmo sem chances de chegar à final, o América bateu o Verdão por 2 a 1, de virada. Entrou desmotivado e levou um gol de Leivinha.
O Verdão ainda mandou uma bola no travessão. O técnico Urubatão Calvo Nunes deu um chacoalhão nos jogadores no intervalo. Valente e brioso, o Rubro se redimiu na etapa final e virou o placar. Paraná Buchinha aproveitou vacilo da zaga esmeraldina para empatar aos 6 minutos. Aos 30, Paulinho cruzou e Wilson Luiz Bocão, de cabeça, fez o gol da vitória americana.
Palmeiras 1 X 2 América - 10 de agosto de 1975
Ficha técnica:
Palmeiras
Leão; Eurico, Polaco, Arouca e Donizetti; Jair Gonçalves, Leivinha e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Fedato e Nei. Técnico: Valdir Joaquim de Moraes.
América
Luiz Antonio Totó; Paulinho, Baldini, Jairzão e Cleto; Nelson Prandi, Didi e Paraná Buchinha; Luis Poiani (Jean), Wilson Luiz Bocão e Darci. Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Gols: Leivinha aos 14 minutos do 1º tempo. Paraná aos 6 e Wilson Luiz aos 30 do 2º. Árbitro: José Favile Neto. Renda: Cr$ 916.557,00. Público: 46.535 pagantes. Local: Morumbi, em São Paulo, no domingo, dia 10/8/1975, pelo Paulistão.
América 2 X 0 Santos - 2 de maio de 1976
Ficha técnica:
América
Luiz Antonio Totó; Nelson Prandi, Miro, Jairzão e Ademir Gomes; Wanderley Paiva, Paraná Buchinha e Wilson Luiz Bocão; Arlen (Ademir), Iaúca e Darci. Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Santos
Wilson; Tuca, Bianchi, Fernando e Fausto; Clodoaldo, Toinzinho (César) e Carlos Roberto; Admundo (Babá), Cláudio Adão e Edu. Técnico: Alfredo Sampaio.
Gols: Wilson Luiz Bocão aos 26 minutos do 1º tempo e Iaúca aos 42 do 2º. Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilla. Renda: Cr$ 174.960,00. Público: 9.188 pagantes. Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no domingo, dia 2 de maio de 1976, pelo Paulistão.
Três vitórias na edição de 76
No Paulistão de 1976, o América terminou em quinto lugar na classificação geral e “sapecou” os grandes três vezes. No domingo, dia 2 de maio, fez 2 a 0 no Santos e praticamente assegurou a sua classificação à segunda fase. A partida ficou marcada pela grave contusão sofrida pelo centroavante santista Cláudio Adão. O Rubro dominou as ações desde o começo e abriu o placar com Wilson Luiz Bocão, que tornou-se algoz dos grandes. Ele completou de primeira um cruzamento do ponteiro-direito Arlen.
Aos 5 minutos da etapa complementar, lançado por César, Cláudio Adão se chocou com o goleiro Luiz Antonio Totó e fraturou o tornozelo. O árbitro Dulcídio Wanderley Boschilla nem falta marcou. Aos 42, o oportunista centroavante Iaúca avançou para a área e, quase sem ângulo, marcou um golaço. No domingo à noite, dia 13 de junho, o adversário foi o São Paulo, no Morumbi. O Tricolor liderava o Grupo A, com 20 pontos, e o Rubro era o vice-líder, com 15. O América superou até a violência da zaga são-paulina, venceu por 1 a 0 e praticamente assegurou sua passagem à terceira fase.
O gol não podia ser de outro, senão do endiabrado Wilson Luiz Bocão, que viu Waldir Peres adiantado aos 2 minutos do segundo tempo, e chutou por cobertura da entrada da área. A equipe rio-pretense reclamou da violência são-paulina. O meia Paraná Buchinha deixou o campo contundido ao levar uma botinada do zagueiro Arlindo. Depois foi a vez de o Corinthians sentir o poder do Vermelhinho. O Alvinegro vinha de dois jogos sem vencer. O América aproveitou para jogar a pá de cal que faltava para enterrar de vez as pretensões do Timão de quebrar o tabu de 22 anos sem ganhar um título ao fazer 1 a 0, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto.
Com o resultado, o Rubro assumiu o terceiro lugar no Paulistão, atrás apenas de Palmeiras e Guarani. Aos 40 minutos do primeiro tempo, o corintiano Adilson, que já tinha cartão amarelo, foi expulso por segurar Nelson Prandi pela camisa. O América foi pra cima e o Timão recuou. O gol saiu aos 27 minutos do segundo tempo. Arlen cobrou escanteio, o ponta-esquerda Darci chutou forte, o goleiro Sérgio rebateu e Wilson Luiz, de esquerda, mandou para as redes. Os corintianos reclamaram de impedimento inexistente. O árbitro Almir Ricci Peixoto Laguna ainda anulou gol legítimo de Iaúca no final da partida.
América 1 X 0 Corinthians - 21 de julho de 1976
Ficha técnica:
América
Luiz Antonio Totó; Nelson Prandi, Miro, Jairzão e Ademir Gomes; Wanderley Paiva, Serginho Índio e Wilson Luiz Bocão; Arlen, Iaúca e Darci. Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Corinthians
Sérgio; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Helinho, Basílio e Adilson; Vaguinho (Ruço), Lance (Geraldão) e Cláudio. Técnico: Filpo Nuñes.
Gol: Wilson Luiz Bocão aos 28 minutos do segundo tempo. Árbitro: Almir Ricci Peixoto Laguna. Renda: Cr$ 321.940,00. Público: 11.287 pagantes. Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, na quarta-feira, dia 21 de julho de 1976, pelo Paulistão.
São Paulo 0 X 1 América - 13 de junho de 1976
Ficha técnica:
São Paulo
Waldir Peres; Nelsinho Baptista, Paranhos, Arlindo e Gilberto Sorriso (Bezerra); Chicão, Silva e Pedro Rocha; Terto, Serginho Chulapa (Arlindo 2º) e Zé Sérgio. Técnico: José Poy.
América
Luiz Antonio Totó; Nelson Prandi, Miro, Jairzão e Cleto; Wanderley Paiva (Ademir Gomes), Paraná Buchinha (Serginho Índio) e Wilson Luiz Bocão; Arlen, Iaúca e Darci. Técnico: Urubatão.
Gol: Wilson Luiz Bocão aos 2 minutos do segundo tempo. Árbitro: Edson Massa. Renda: Cr$ 5.740,00. Público: 3,6 mil pagantes. Local: Morumbi, em São Paulo, no domingo, dia 13 de junho de 1976, pelo Paulistão.
Bocão garante mais 2 pontos
Quem voltou a sentir a força do América no início de 1977 foi o Palmeiras. No domingo, dia 27 de fevereiro, o gol de cabeça de Wilson Luiz Bocão, aos 44 minutos do primeiro tempo, escorando falta cobrada pelo lateral-direito Nelson Prandi, garantiu a vitória de 1 a 0. O centroavante Luis Fernando Gaúcho ainda carimbou a trave palmeirense. A equipe rio-pretense se reabilitou da discreta campanha que vinha fazendo até então e, em razão do equilíbrio do campeonato, assumiu a liderança da Série D do Paulistão, junto com o Guarani.
América 1 X 0 Palmeiras - 27 de fevereiro de 1977
Ficha técnica:
América
Luiz Antonio Totó; Nelson Prandi, Dobreu, Jairzão e Cleto; Cacau, Paraná Buchinha e Wilson Luiz Bocão; Arlen, Luis Fernando Gaúcho e Cândido (Serginho Índio). Técnico: Osvaldo Iembo, o Dicão.
Palmeiras
Bernardino; Valdir, Samuel, Pavan e Ricardo; Pires, Jorge Mendonça e Ademir da Guia (Ivo); Rosemiro, Toninho (Picolé) e Nei.Técnico: Dudu.
Gol: Wilson Luiz Bocão aos 44 minutos do primeiro tempo. Árbitro: Almir Ricci Peixoto Laguna. Renda: Cr$ 270.220,00. Público: 11.476 pagantes. Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no domingo, dia 27 de fevereiro de 1977, pelo Paulistão.
Flash Bola - Como o Diário da Região repercurtiu esse triunfos do time americano na época
Com ótima atuação na etapa final, Rubrou virou sobre o Verdão e ficou em 3º lugar no Paulistão de 1975.
Jornal destacou desempenhos dos artilheiros Wilson Bocão e Iaúca nos 2x0 sobre o Santos.
Time riopretense superou até a violência da defesa são-paulina no duelo de 1976, no Morumbi.
Triunfo de 1x0 colocou a pá de cal que faltava para enterrar as chances de o Corínthians ser campeão.
América fez o gol no final do primeiro tempo e depois segurou o Palmeiras de Ademir da Guia e companhia.