Apesar de não ser alto para a posição (1,76m), Roberto Fonseca se destacava pela garra, raça, vontade, espírito de luta, bom posicionamento e excelente impulsão. Esses predicados o tornaram um dos melhores zagueiros da história do América. Com sua liderança nata, logo ganhou a braçadeira de capitão, a confiança de todos e, em pouco tempo, virou ídolo da torcida.
Também possui uma imensa longevidade no clube da Vila Santa Cruz. Foram nove temporadas vestindo a camisa do Vermelhinho (1985 a 1993), sempre como um dos protagonistas. “Principalmente nos primeiros anos, ganhei vários prêmios de melhor em campo”, recorda. “Também recebi por duas vezes a ‘Chuteira de Ouro’ (honraria instituída na década de 1980 pela rádio Independência para homenagear os melhores do esporte local).”
Roberto Teixeira da Fonseca nasceu em Mandaguari, no norte do Paraná, no dia 3 de junho de 1962, e começou a carreira no início dos anos 1980, no Londrina. “Disputei um amistoso contra o Londrina pelo Mandaguari e o Dicão (ex-treinador) me convidou para defender a equipe londrinense”, conta.
Ficou um ano no juvenil e, promovido ao profissional pelo técnico Itamar Bellasalma, integrou o elenco campeão estadual de 1982. “Me firmei como titular após a chegada do Urubatão (técnico).”
Destacou-se no Londrina e acabou emprestado ao São Paulo. “O Cilinho estava reformulando o time e me levou”, diz. Chegou ao Morumbi em 1984. De acordo com o Almanaque do São Paulo, de Alexandre Costa, Roberto disputou seis jogos pelo Tricolor, com uma vitória, um empate e quatro derrotas.
Com pouco espaço no time são-paulino, retornou ao Londrina e acabou cedido ao América. Foi apresentado na terça-feira, dia 14 de maio de 1985. Estreou na vitória de 1 a 0 sobre o São Bento, no sábado, dia 1º de junho de 1985, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, pela quinta rodada do Paulistão. Junto com ele, também estrearam o meia Amado, vindo de Goiás, e o goleiro Barbirotto, emprestado pelo São Paulo.
Destaque do Rubro no Paulistão, teve o passe comprado pela diretoria. Porém, em 1986, num choque com um atacante do time reserva durante um coletivo no MAM, Roberto Fonseca sofreu afundamento frontal (testa) e ficou cinco meses sem jogar.
Retornou aos gramados com o mesmo ímpeto e dedicação. Permaneceu no América até 1993, com saídas por empréstimo para Catanduvense (1988), Londrina (1989) e Bahia (1990). Em 1991 sofreu grave lesão no ligamento cruzado do joelho direito e voltou a jogar só no ano seguinte. Despediu-se do Rubro em 9 de maio de 1993, nos 4 a 0 sobre o São Caetano, que garantiu o retorno do time ao Paulistão. No dia seguinte, foi vendido ao Barretos por Cr$ 100 milhões.
Levou o Catanduvense ao Paulistão
Em 1988, depois de defender o América no Paulistão, Roberto acabou emprestado ao Catanduvense, junto com o goleiro Paulo César Borges e o centroavante Roberto Carlos. A equipe gremista tentava engrenar na Divisão Intermediária (atual Série A-2), que contava com 28 times divididos em quatro grupos de sete. Com alto investimento da diretoria, o Catanduvense chegou à fase decisiva e foi vice-campeão ao perder a final para o Bragantino. As duas equipes subiram para o Paulistão.
Também disputou o Brasileiro da Série B de 1989 pelo Londrina e o Brasileirão de 1990 com o Bahia. Depois da contusão no joelho, sofrida ainda no América, voltou a jogar em alto nível no Barretos em 1994. Atuou no Sãocarlense, esteve na Ferroviária durante o Paulista A-2 de 1997, vestiu as camisas do Grêmio Maringá, Moto Club do Maranhão e da Portuguesa Londrinense, onde pendurou a chuteira em 1999.
Após encerrar a carreira, tornou-se treinador. “Comecei a treinar a própria Portuguesa de Londrina e depois fui para o Águia-PR”, informou. Ao todo já foram 33 clubes sob a batuta de Roberto Fonseca. Atualmente, ele comanda o Botafogo-PB na fase final do Campeonato Paraibano e no Brasileiro da Série C.
Lamenta atual situação do Rubro
Roberto Fonseca criou laços afetivos com o América em razão do longo período defendendo o Vermelhinho (nove temporadas). Por isso, ele lamenta o atual momento do Rubro, que se arrasta na quarta divisão do futebol paulista e que está prestes a perder em leilão o estádio Teixeirão, seu único patrimônio. “Vivi grande fase no América, me identifiquei muito com o clube e é triste demais ver esta situação. É uma pena”, comentou. “O América sempre foi uma referência no Interior de São Paulo”, acrescentou.
O ex-xerifão acumulou algumas conquistas em sua trajetória futebolística. Foi campeão estadual sub-20 pelo Londrina em 1981 e integrou o elenco do time profissional, que ganhou o Campeonato Paranaense de 1982. No São Paulo, fez parte da equipe campeã estadual de 1985 e ajudou o América a voltar ao Paulistão em 1993.
Como treinador, subiu o Águia de Mandaguari da terceira para a segunda divisão do Paraná e o Oeste de Itápolis do A-3 para o A-2, além de ser campeão alagoano de 2012 com o CRB. Casado com Mônica, pai de Roberto Júnior e Aline, e avô de Rafaela e Maria Eduarda, Roberto tem residência fixa em Londrina.
FICHA TÉCNICA - Jogo de estreia de Roberto no América
América 1
Barbirotto; Brasinha, Orlando Fumaça, Roberto Fonseca e Babá; Paulo Cezar Catanoce, Amado (Claudecir) e Toninho; Izael, Roberto Biônico (Vagner Palamin) e Mané. Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
São Bento 0
Dorival; Paulinho Pereira, Nildo, Geraldo e Donizete; Cacau, Biquinha (Antonio Carlos) e Viana; Américo, Hamilton e Nivaldo. Técnico: Dudu.
Gol: Mané aos 41 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Euclides Zamperetti Fiori.
Renda: Cr$ 8,351 milhões.
Público: 1.707 pagantes.
Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no sábado, dia 1º de junho de 1985, pela 5ª rodada do Paulistão, na estreia de Roberto Fonseca no América.
FICHA TÉCNICA - Jogo de despedida de Roberto no América
São Caetano 0
Anselmo; Zé Carlos, Cléber (Fabinho), Tobias e Carlinhos Echaporã; Rodnei, Luis Carlos, Garcia e Cocan; China e Reginaldo. Técnico: Fedato.
América 4
Willians Muniz; Xande Marques, Renato Carioca, Roberto Fonseca e Julimar; Negão, Roberto Alves e Cleomar; Cacaio, Clóvis e Cleber Arado. Técnico: João Carlos Costa.
Gols: Cleber Arado aos 40 segundos e Roberto Alves aos 41 minutos do primeiro tempo. Roberto Fonseca aos 25 e Cacaio aos 32 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Antonio de Pádua Salles.
Renda: Cr$ 46,530 milhões.
Público: não divulgado.
Local: estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul, no domingo, 9/5/1993, pelo Paulistinha, na última partida de Roberto pelo Rubro.