Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira tricampeã mundial no México em 1970, começou a carreira no Fluminense, porém brilhou mais intensamente com a camisa do Santos, onde atuou por dez anos. Trocado com o tricolor carioca pelo lateral-direito Ismael e mais uma quantia em dinheiro, o “Capita” estreou no time santista justamente contra o América de Rio Preto. Campeão paulista de 1964, o Peixe iniciava sua caminhada rumo ao bicampeonato no domingo, dia 11 de julho de 1965, na Vila Belmiro.
O lateral Orlando e o ponta-esquerda Abel (pai do jornalista Abel Neto) também estrearam no Alvinegro. Mesmo sem Pelé, o Santos teve amplo domínio, abriu 2 a 0 em apenas 9 minutos, com gols de Coutinho e Lima e fechou a conta em 3 a 1. No segundo tempo, Ladeira diminuiu para o Rubro e Coutinho marcou o terceiro. Durante a sua trajetória, Carlos Alberto Torres enfrentou o América em 14 confrontos, todos pelo time santista e válidos pelo Paulistão.
Com ele em campo, foram oito vitórias do Peixe, três empates, três derrotas, com 34 gols marcados e 21 sofridos. Capita fez apenas um gol diante do Vermelhinho. Na primeira vez no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, com show de Pelé, autor de três gols, o Santos goleou por 4 a 0. Na segunda visita ao MAM, mesmo sem Pelé, novo baile do Peixe, que fez 5 a 2 com gols de Toninho Guerreiro e Dorval (dois cada) e Amauri. Milton e J. Alves fizeram para os americanos.
O único gol marcado por Carlos Alberto Torres sobre o América ocorreu na sexta partida entre eles, com vitória do Alvinegro por 4 a 3. Apesar de Pelé estar em campo, o Capita foi quem cobrou pênalti para fazer 3 a 2. O Rei do Futebol fez dois e Nelson Coruja (contra) completaram para o Santos. Antoninho (2) e Marco Aurélio marcaram para o Rubro. O primeiro triunfo da equipe rio-pretense foi no duelo seguinte, com 3 a 1, no MAM, gols de Marco Aurélio e Cabinho (2). Toninho Guerreiro deixou o dele pelo Alvinegro.
Entre 1965 e 1975, período em que defendeu o Santos, o fominha Carlos Alberto, que não dava brechas para outros laterais, ficou fora de apenas cinco partidas diante do América. Duas delas, aliás, em 1972, quando estava emprestado ao Botafogo-RJ. A última vez que o Capita jogou em Rio Preto foi na derrota de 2 a 1 do Santos, dia 12 de março de 1975. O Vermelhinho também levou a melhor na última vez que teve o lateral pela frente. Ganhou de 2 a 1, em pleno Pacaembu, dia 3 de agosto de 1975, pelo hexagonal final do Paulistão.
Santos 3 X 1 América - 11 de julho de 1965
Ficha técnica
Santos
Gylmar dos Santos Neves; Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos de Oiveira e Orlando; Zito e Lima; Peixinho, Salomão, Coutinho, Toninho Guerreiro e Abel. Técnico: Luiz ‘Lula’ Alonso.
América
Reis; Nelson Coruja, Tarciso e Ambrozio; Mota e Tubá; Cuca, Celino, Cardoso, Ladeira e Caravetti. Técnico: Rubens Minelli.
Gols: Coutinho aos 3 e Lima aos 9 minutos do 1º tempo. Ladeira aos 19 e Coutinho aos 25 minutos do 2º tempo. Árbitro: Airton Vieira de Moraes. Renda: Cr$ 11.921.500,00. Público: não obtido. Local: Vila Belmiro, em Santos, no domingo, dia 11/7/1965, pelo Paulistão, na estreia de Carlos Alberto Torres no Peixe.
Veio a Rio Preto só uma vez como treinador
Após colecionar títulos pelo Fluminense, Santos e Seleção Brasileira, Carlos Alberto Torres também defendeu o Botafogo-RJ por empréstimo até ser negociado pela direção santista com o Fluminense, em 1976. Integrou a Máquina Tricolor, que tinha Rivellino, Carlos Alberto Pintinho, Búfalo Gil, Dirceu, entre outros. Também jogou no Flamengo, Califórnia Surf e New York Cosmos, onde pendurou as chuteiras no dia 29 de setembro de 1982 no empate de 3 a 3 entre Cosmos e Flamengo, em amistoso nos Estados Unidos.
Zico, Wilsinho e Júnior fizeram para o rubro-negro, enquanto o centroavante italiano Chinaglia marcou os três gols da equipe norte-americana. No ano seguinte, Carlos Alberto assumiu o cargo de treinador do Flamengo e foi campeão brasileiro. Como técnico, ele enfrentou o América apenas uma vez, quando comandava o Corinthians. Com quase 10 mil pessoas no Mário Alves Mendonça, o duelo aconteceu no sábado, dia 29 de junho de 1985, e terminou 0 a 0. Ele voltou ao Corinthians em 1988, mas não enfrentou o América.
Santos 4 X 3 América - 31 de março de 1968
Ficha técnica
Santos
Cláudio; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Lima; Kaneco, Douglas, Pelé e Edu (Pepe). Técnico: Antoninho.
América
Neuri Cordeiro, Manoel, Adelson, Nelson Coruja e Ambrozio; Severo e Raul; J. Alves, Arcanjo (Cabinho), Antoninho e Marco Aurélio. Técnico: Wilson Francisco Alves, o Capão.
Gols: Antoninho aos 15, Pelé aos 24 e Nelson Coruja (contra) aos 36 do 1º tempo. Marco Aurélio aos 12, Carlos Alberto (pênalti) aos 25, Pelé aos 39 e Antoninho aos 43 minutos do 2º. Árbitro: Emídio Marques Mesquita. Renda: Cr$ 17.952,00. Público: 5.720 pagantes. Local: Vila Belmiro, em Santos, dia 31/3/1968, pelo Paulistão, quando Torres fez o único gol dele diante do Rubro.
Santos 1 X 2 América - 3 de agosto de 1975
Ficha técnica
Santos
Joel Mendes; Carlos Alberto Torres, Oberdan, Bianchi e Wilson Campos (Nei); Teodoro e Miflin; Mazinho, Totonho, Cláudio Adão e Edu (Brecha). Técnico: José Macia, o Pepe.
América
Luiz Antônio Totó; Paulinho, Baldini, Jairzão e Cleto; Miro e Nelson Prandi; Luis Poiani, Paraná Buchinha, Paulo Cesar Donega e Zuza (Didi). Técnico: Urubatão Calvo Nunes.
Gols: Mazinho aos 15 minutos do 1º tempo. Paraná aos 14 e Luis Poiani aos 45 do 2º. Árbitro: Roberto Nunes Morgado. Renda: Cr$ 194.368,00. Público: 17,1 mil pagantes. Local: estádio do Pacaembu, em São Paulo, no dia 3/8/1975, pelo hexagonal final do Paulistão, na última vez que Carlos Alberto enfrentou o América.
Colecionou títulos em seis times e na Seleção Brasileira
Na semana passada, o Brasil chorou a perda de Carlos Alberto Torres, que morreu terça-feira, aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante. O corpo dele foi enterrado quarta-feira no Cemitério do Irajá, no Rio de Janeiro. Em 17 anos como jogador, Capita foi 5 vezes campeão paulista, duas do Brasileiro, uma do Torneio Rio-São Paulo e uma da Recopa Sul-Americana pelo Santos. Também faturou 9 títulos pelo Cosmos, 3 cariocas pelo Fluminense, além do tri da Seleção em 1970. Como treinador, foi campeão brasileiro de 1983 pelo Flamengo, carioca de 1984 com o Flu e da Copa Conmebol de 1993 pelo Botafogo-RJ.