Lélio Oliveira Silva Júnior teve uma curta, mas intensa carreira. Começou como centroavante e meia-direita em times amadores de Rio Preto, mas destacou-se como ponta-esquerda do América. Excursionou com a seleção paulista de novos e foi campeão sul-americano sub-20 com a Seleção Brasileira. Também atuou na Ponte Preta, Goiânia, Linense e nos paranaenses Paranavaí e Grêmio Maringá.
Rio-pretense nascido no dia 21 de outubro de 1954, Lélio deu os primeiros chutes na equipe de garotos do Comercial, do bairro Boa Vista, que jogava no campinho próximo ao Corpo de Bombeiros. “Aos 15 anos me chamaram para disputar o Amadorzão pelo Cacique”, recorda. Durante a semana, ele trabalhava na empresa Joias Gomes, dos amigos Ari e Zezé, que também jogavam futebol. “O centroavante do time era bom, então, me improvisaram na ponta-esquerda”, diz.
Mesmo destro, com dribles curtos, velocidade e muita inteligência, Lélio deu-se bem na nova posição. E com boas atuações, em 1971 chamou a atenção de dirigentes do América, que o levaram para a Vila Santa Cruz.
Com o amador do Rubro foi campeão da Copa LS, torneio estadual eliminatório promovido pelo jornal A Gazeta Esportiva, patrocinado pela Brinckmann do Brasil e que reuniu 60 equipes. “Na final, ganhamos de 2 a 1 do Cruzeiro, do Vale do Paraíba, no estádio Mário Alves Mendonça”, informa.
Ele e o zagueiro Wagner Cordova já treinavam entre os profissionais, mas após aquela conquista foram efetivados na equipe principal do América. O técnico Vail Mota promoveu a estreia de Lélio no empate sem gols com o São Bento, de Sorocaba, na quarta-feira, dia 9 de agosto de 1972, pelo segundo turno do Paulistão. “Fui marcado pelo lateral-direito Aranha, que era um verdadeiro carrapato”, diz Lélio, que na época tinha 17 anos.
Atuou em mais cinco clubes
O ponta-esquerda Lélio ficou vinculado ao América entre 1971 e outubro de 1976. Neste período saiu emprestado para Ponte Preta (1972), Goiânia (1973), Linense (1974/75), Paranavaí-PR (1975) e Grêmio Maringá-PR (1976). Nos três últimos clubes foi dirigido pelo treinador Muca.
As andanças pelo mundo da bola fizeram Lélio desanimar. Ele dedicou-se aos estudos, passou no concurso público da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e assumiu o cargo de técnico em eletrotécnica. Desta forma, decidiu parar definitivamente de jogar. “Vi que eu não iria longe com o futebol”, destaca.
Mesmo sem jogar profissionalmente, o América não quis liberá-lo. “Só consegui me desvincular do América em 1980, graças à intervenção da diretoria do Palestra”, diz. Com o futebol correndo em suas veias, ele continuou atuando em equipes amadoras. Foi campeão pelo time palestrino, Botafogo da Vila Ercília e Matinha. Também fez algumas partidas pelo Corinthians da Boa Vista.
Aposentado desde 2001, o incansável Lélio ainda trabalha como corretor de imóveis. “Não dá para ficar em casa.” Casado com Aparecida, pai de Tiago, Lucas e André Luis, e avô de João Pedro, ele mora na vila Boa Esperança, em Rio Preto.
Excursão com a seleção paulista
Em março de 1973, o técnico José Teixeira convocou Lélio para integrar a seleção paulista de novos, que excursionou pela África, Ásia, Oriente Médio e parte da Europa. “Graças ao futebol tive o privilégio de conhecer Paris, Riad, Abu Dabi e outras grandes cidades”, destaca. “Em certa ocasião participamos de uma festa com a presença do Idi Amin Dadá (ditador militar que presidiu Uganda entre 1971 e 1979).”
A equipe brasileira que contava com o centroavante Serginho Chulapa, do São Paulo, e o meia Tata, da Portuguesa, entre outros, arrasou os pobres adversários. “Num amistoso contra a seleção da Arábia Saudita ganhamos por 13 a 0”, informa.
Ao retornar para o América, Lélio passou a ter mais oportunidades com o técnico Wilson Francisco Alves, o Capão. Abriu o placar no empate de 1 a 1 contra o poderoso Palmeiras, no domingo, dia 19 de agosto de 1973, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto. Uma semana depois, também balançou as redes na vitória de 1 a 0 sobre a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, em Campinas.
Seus gols, gingado e habilidade o levaram para a Seleção Brasileira Sub-20, também comandada pelo técnico José Teixeira e que conquistou o título do 6º Campeonato Sul-Americano da categoria, disputado em março de 1974, no Chile. Na primeira fase, os brasileiros golearam Venezuela (5 a 1), Colômbia (6 a 1) e Chile (3 a 0) e empataram em 1 a 1 com o Uruguai. Na semifinal, o Brasil fez 2 a 0 na Argentina e, na decisão, bateu o Uruguai por 2 a 1, no dia 24 de março, em uma verdadeira batalha campal. “Teve uma briga generalizada”, relembra.