O atacante Roberto Carlos cravou seu nome na história do América ao ajudar o time a conquistar o título do Campeonato Paulista da Série A-2 de 1999. De quebra, aos 34 anos, ele foi o artilheiro da competição, com 17 gols. Foi uma campanha inesquecível, que completou 16 anos no último dia 22 de julho. No geral, o Vermelhinho sofreu apenas uma derrota, para o Santo André, por 1 a 0, fora de casa, no quadrangular final.
Na primeira fase, o time rio-pretense disputou 22 partidas, com 13 vitórias, nove empates, 48 gols marcados e 19 sofridos. Na fase decisiva, foram três vitórias, dois empates, uma derrota, 15 gols a favor e 10 contra. Na final, ocorreram dois empates com a Ponte Preta (0 a 0 em Campinas, e 1 a 1 no Teixeirão) e o Rubro levantou a taça por ter melhor campanha no geral, com 61 pontos, 30 jogos, 16 vitórias, 13 empates, uma derrota, 64 gols marcados e 30 sofridos. Foram 26 jogos de invencibilidade.
O curioso é que um ano antes, Roberto Carlos havia se oferecido para defender o América no A-2. Descartado, recebeu como resposta que o técnico Cilinho iria trabalhar com jovens jogadores. O atacante acertou com a Francana e se vingou do Rubro ao marcar cinco gols nos dois confrontos entre as duas equipes durante o campeonato. Fez três nos 4 a 0 no estádio Lancha Filho, em Franca, no dia 8 de março, e mais dois no triunfo de 3 a 2 da Veterana em pleno Teixeirão, no dia 5 de abril.
Sem pestanejar, a diretoria do América deixou um pré-contrato assinado com ele para a temporada seguinte. No segundo semestre de 1998, Roberto Carlos disputou o Brasileiro da Série B pelo Vila Nova-GO e se apresentou ao técnico Cilinho em janeiro para arrebentar no A-2 de 1999. O atacante teve longo vínculo com o Rubro. Veio pela primeira vez para a Vila Santa Cruz em 1988, junto com o ponta-esquerda Rômulo.
Eles estavam no Comercial e foram trocados pelo ponta-direita Dácio e pelo atacante Serrano. Também defendeu o América nas edições de 1989 e de 1990 do Paulistão. Além de marcar muitos gols, ele deu lucro para o time rio-pretense, ao ser vendido para o Nacional, da Ilha da Madeira, por US$ 120 mil. A equipe portuguesa era dirigida pelo técnico Jair Picerni. Ficou duas temporadas no Nacional e outras duas no Gil Vicente.
Levou o Catanduvense ao Paulistão
Durante a sua passagem pelo América, Roberto Carlos foi emprestado ao Catanduvense no segundo semestre de 1988 e, com seus gols, ajudou o time de Catanduva a subir para o Paulistão, com o vice-campeonato da Intermediária. Perdeu a final para o Bragantino. No segundo semestre de 1989, ele acabou cedido ao Inter de Porto Alegre, mas sua passagem pelo clube gaúcho foi apagada.
“No começo eu joguei, mas depois da demissão do técnico Carpegiani eu fui pouco utilizado”, disse. “E quando jogava era improvisado na ponta-direita. Para agravar a situação, sofri uma contusão no joelho”, acrescentou. Nascido em Ibiraci-MG, no dia 7 de maio de 1965, Roberto Carlos Jorge não teve chance nem de treinar no Botafogo de Ribeirão Preto e começou a carreira no rival Comercial, onde ficou entre 1982 e 1987. Em 1986, foi emprestado ao Botafogo-RJ, mas a equipe foi mal no Brasileirão.
Acertou com o América em 1988, foi para o futebol português e retornou em 1997 para disputar o Paranaense pelo Coritiba. No segundo semestre levou a Francana ao quadrangular final da Série C. Ficou mais um ano no time de Franca, retornou ao América, e pendurou a chuteira em 2003, na Francana. Chegou a treinar a Veterana em dois jogos, mas não pegou gosto pela coisa. Desde então, é roceiro em Ibiraci, sua terra natal. “Tenho 110 mil pés de café e 100 cabeças de gado de corte”, informa. Casado com Andreia, ele é pai de José Paulo e de Maria Izabel.
América 4 X 1 Corinthians-PP
Ficha técnica:
América
Sérgio Guedes; Zambiasi, Jean e Guilherme (Paulo César Martins); Reginaldo, Luis Carlos Oliveira (Marcos Denner) e Luiz Fernando Gomes (Márcio Costa); Fumagalli, Roberto Carlos e Marcinho. Técnico: Cilinho.
Corinthians-PP
Wellington; Oclébio, Celso e Cadu; Esteves, Anderson (Fábio Roque), Rocha, Hamilton e Edenilson; Angelo e Adriano. Técnico: José Roberto Buani (Brasília).
Gols: Roberto Carlos (pênalti) aos 18 e Marcinho aos 47 do 1º tempo. Roberto Carlos aos 13, Fumagalli aos 18 e Edenilson aos 43 do 2º tempo. Árbitro: Antônio Cláudio Perin. Renda: não obtida. Público: 4.114 pagantes. Local: estádio Teixeirão, em Rio Preto, na quinta-feira, 3/6/1999, pelo Paulista A-2.
Botafogo-SP 1 X 4 América
Ficha técnica:
Botafogo-SP
Luis Andrade; Nem, Maxwell, Leiz e Paulo Roberto; Paulo Rodrigues, Mil (Marquinhos) e Níveo; Camargo (Vladimir), Didi e Edu. Técnico: Tiri.
América
Paulo César Borges; Xande Marques, João Roberto Vicentini, Roberto Fonseca e Daniel; Geraldo, Serrano e Ademilson; Izael (Elias), Roberto Carlos (Rildo) e Toninho. Técnico: Ambrózio.
Gols: Níveo aos 21, Roberto Carlos aos 25 e aos 34 minutos do 1º tempo. Serrano aos 44 e Elias aos 45 minutos do 2º tempo. Árbitro: Trajano Conrado Carneiro Neto. Renda: Cz$ 347,9 mil. Público: 2.174 pessoas. Local: estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, no domingo, 27/3/1988, pelo Paulistão, quando Roberto Carlos fez os seus dois primeiros gols pelo América.
Francana 4 X 0 América
Ficha técnica:
Francana
Alexandre; Douglas, Eugênio, Dezinho e Eder; Waldir, Caçapa, Géia e Da Bahia; Washington Fubá (Testa) e Roberto Carlos. Técnico: Foguinho.
América
Sérgio Guedes; Roberto Silveira (Itamar), Vanderlei, Zambiasi e Guilherme; Elson (Paulinho Marília), Cris e Luiz Fernando Gomes; Marcinho, Nelson Bertolazzi e Juarez. Técnico: Cilinho.
Gols: Roberto Carlos aos 25 minutos do 1º tempo. Testa aos 22, Roberto Carlos aos 25 e aos 43 minutos do 2º tempo. Árbitro: Márcio Antonio de Oliveira. Renda: R$ 9.167,00. Público: 2.657 pagantes. Local: estádio Lancha Filho, em Franca, no domingo, 8/3/1998, pela 9ª rodada do A-2, com Roberto fazendo três gols pela Francana diante do América.