Volante rápido, com uma pegada forte no meio-campo, mas que também sabia sair para o jogo com bons passes e lançamentos milimétricos. Essas eram as principais características de João Santos, uma espécie de carregador de piano dos times por onde passou. Praticamente todas as jogadas ofensivas partiam dele ou passavam por ele. Com esses predicados, João Santos ajudou o América de Rio Preto a fazer boa campanha no Grupo B do Campeonato Paulista de 1993. Na verdade, a competição era equivalente ao Paulistinha (A-2). Na primeira fase, os 14 integrantes do Grupo B não cruzavam com os quatro grandes, mas pelo regulamento, os dois primeiros se classificavam à fase semifinal, juntamente com os seis melhores entre os 16 participantes do Grupo A. Os três primeiros do B subiam para o A de 1994.
No ano anterior, o América já havia fracassado neste Paulistinha. Para 1993, no entanto, a diretoria investiu na contratação do técnico carioca João Carlos Costa, que trouxe na bagagem alguns jogadores conterrâneos e outros que estavam atuando no Rio de Janeiro. Entre eles, vieram o atacante Willian, o zagueiro Renato Carioca, o meia Baíca e João Santos. Não confundam este João Santos com aquele meia-atacante que veio do Fluminense junto com o meia Alberto para defender o América em 1989, e que depois foi campeão paulista com o Bragantino. O volante João Santos veio emprestado pelo Campo Grande-RJ.
Se apresentou ao técnico João Carlos na sexta-feira, dia 15 de janeiro de 1993, e dois dias depois já estava em campo com a camisa vermelhinha. Ele entrou no segundo tempo na vitória de 2 a 0 sobre o time amador do Botafogo de Tabapuã e recebeu elogios do treinador americano. No domingo seguinte, dia 24, começou o campeonato, mas a documentação dele não ficou pronta. Sem o volante, o América estreou com derrota de 1 a 0 para o Taquaritinga, fora de casa. A estreia oficial de João Santos foi no empate sem gols com o Botafogo de Ribeirão Preto, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, na quarta-feira, 27 de janeiro, pela segunda rodada.
O jogador firmou-se como titular a partir da 10ª rodada, na derrota de 2 a 1 para a Ferroviária, em Araraquara, na quarta-feira, dia 3 de março. Na partida seguinte, fez o seu único gol pelo América na vitória de 3 a 1 sobre o Novorizontino, no MAM, no domingo, 7 de março. Com João Santos em campo, o América engrenou e foi campeão do primeiro turno. Com o seu futebol veloz e arracandas desnorteantes, entrou duas vezes na seleção da rodada do Paulistinha. A equipe oscilou no returno, mas conseguiu terminar em terceiro lugar, com 35 pontos, um a menos que Ferroviária e Novorizontino, que se classificaram à fase semifinal do Paulistão, junto com Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Guarani e Rio Branco de Americana. A despedida oficial de João Santos no América foi na vitória de 3 a 2 sobre o Sãocarlense, no MAM, no domingo, 2 de maio. Ele ficou fora da última rodada, na goleada de 4 a 0 sobre o São Caetano, fora de casa, no dia 9 de maio. Como tinha contrato em vigor, João Santos ainda participou de mais dois amistosos. Derrota de 2 a 0 para o Penapolense, em Penápolis, em 31 de maio, e vitória de 1 a 0 diante do Arco Íris, em Conceição das Alagoas-MG, no dia 20 de junho. No total, foram 22 partidas pelo América, com 12 vitórias, cinco empates, cinco derrotas e um gol marcado. O time rio-pretense fez 35 gols e sofreu 24. “Foi uma passagem marcante pelo América. Fiz muitas amizades em Rio Preto, cidade que tenho um grande carinho”, comentou.
Jogou com Dinamite e Cláudio Adão
João Maria dos Santos nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, no dia 3 de fevereiro de 1968, e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1980. Aprovado em teste, passou a integrar as categorias de base do Campo Grande-RJ. Algum tempo depois foi promovido ao time principal. “Disputei três campeonatos pelo Campo Grande e ajudei a equipe a retornar à Primeira Divisão do Rio”, diz. Em uma das temporadas no Campo Grande, teve o privilégio de jogar no meio de feras do futebol brasileiro, como Roberto Dinamite, Cláudio Adão, Eloy Marreta e Paulo Cesar Gusmão (atual treinador), entre outros. A convite do técnico Júlio Marinho, fez parte de um combinado entre Portuguesa-RJ e Friburguense, que excursionou para o Caribe. “Fomos campeões de um torneio lá”, informa.
Também defendeu Americano de Campos, Bangu, Umuarama-PR, Mimosense-ES e Friburguense (com James e Berg, que também jogaram no América de Rio Preto). Teve uma curta passagem pelo Marília e pendurou a chuteira em 1998, após atuar no Ceres, na Segunda Divisão do Rio de Janeiro.
Depois que parou de jogar, João Santos continuou envolvido no futebol. Fez vários cursos e estágios, inclusive no Botafogo-RJ, e virou treinador. Trabalhou no Young da Coreia do Sul, nas categorias de base do Juventus-RJ e em outras equipes. Divorciado, João Santos é pai de João Ricardo, que mora em Rio Preto com a mãe, Margarete, e de João Vitor. O ex-volante reside no Rio de Janeiro.
FICHA TÉCNICA
América 0
Willians; Ricardo Moraes, Roberto Fonseca e Renato Carioca; Xande, Edinan, João Santos, Cleomar (André) e Baíca; Gil Catanoce (Toninho) e William. Técnico: João Carlos Costa.
Botafogo-SP 0
Palmieri; Edvaldo, Lucilo, Luisinho e Baiano; Zeca, Luisinho Rodrigues (Rodrigo) e Anderson; Rick (William), Vidotti e Edvaldo. Técnico: Geninho.
Árbitro: Lasmar de Souza Teixeira.
Renda: Cr$ 34,224 milhões.
Público: 998 pagantes.
Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, na quarta-feira, dia 27 de janeiro de 1993, pela segunda rodada do Paulistinha, na estreia de João Santos
com a camisa do Rubro.
FICHA TÉCNICA
América 3
Willians; Xande Marques, Renato Carioca, Roberto Fonseca e Julimar; Negão, João Santos, Baíca e Cleomar (Roberto Alves); Cacaio (Floriano) e Cleber Arado. Técnico: João Carlos Costa.
Novorizontino 1
Marcos; Neguitão, Fernando Baiano, César (Nelsinho) e Marco Antonio Cipó; Luis Carlos Goiano, Genilson (Flávio) e Edmilson; Paulinho, Sinval e Luis Carlos Carioca. Técnico: Afrânio Riul.
Gols: Cleber Arado aos 24 e aos 37 e João Santos aos 28 minutos do 1º tempo. Sinval aos 45 minutos do 2º. Árbitro: Antônio de Pádua Salles. Renda: Cr$ 152,308 milhões. Público: 4.094 pagantes.
Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no domingo, 7 de março de 1993, pelo Paulistinha, com gol de João Santos.
FICHA TÉCNICA
América 3
Willians; Xande Marques, Renato Carioca, Roberto Fonseca e Julimar; Negão (Clóvis), João Santos, Roberto Alves e Cleomar; Cacaio (Fernandinho) e Cleber Arado. Técnico: João Carlos Costa.
Sãocarlense 2
Silvio Luis; Marcos Paulo, Jorge Luis, Emerson e Gilvan; Cláudio Roberto, Valdeir, Ivair e Marquinhos (Wille); Giba e Carlos Alberto Carvalho (Sidnei). Técnico: João Magoga.
Gols: Ivair aos 22, Renato Carioca aos 36 e Cleomar aos 46 minutos do 1º tempo. Jorge Luis aos 11 e Cleomar aos 12 do 2º tempo. Árbitro: Ulisses Tavares da Silva Filho. Renda: Cr$ 92,248 milhões. Público: 1.447 pagantes. Local: estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, no domingo, 2 de maio de 1993, pelo Paulistinha, na última partida oficial de João Santos pelo Rubro.