Goleiro de 1,80 metro de estatura, considerada baixa para os padrões atuais, mas com boa colocação, segurança na saída de meta e muita confiança, Lecio começou a carreira nas categorias de base do Jalesense e ganhou projeção no América de Rio Preto. Também defendeu Mirassol, Portuguesa, seleção paulista de juniores (sub-20), Tupã, Jataiense-GO, Guairense, Bandeirante de Birigui, Grêmio Maringá-PR e Naviraiense-MS.
Nascido em Jales, no dia 3 de agosto de 1965, Lecio Batista Filho fez as primeiras defesas nos times infantil e juvenil (sub-15 e sub-17) do Jalesense, mas como a maioria dos jovens boleiros, bateu em muitas portas antes de se firmar. Com o incentivo do pai e de alguns amigos projetou voos mais altos. “Meu pai (o investigador Lecio) e meu tio José Rafael de Arruda me levaram para fazer testes no Santo André em 1982, mas não fui aprovado”, recorda.
Sem desanimar, botou a mochila nas costas novamente e desembarcou em Marília para mais um período de avaliação. “O Walter Marcondes de Godoi (ex-árbitro da federação) me ajudou bastante naquela época”, informou. “Treinei um mês no Marília, mas também não fiquei.”
Até que em meados de 1983, o ex-jogador Joaquinzinho, um escrivão de polícia amigo do seu pai, o indicou para o América. “O Joaquinzinho também era amigo do Abdo Goraib (delegado em Rio Preto e diretor do América)”, diz. “O doutor Abdo me deu muita força”, acrescenta.
Aprovado em teste pelo treinador Jacintho Angelone, Lecio passou a integrar o time sub-20 do América, como reserva do tanabiense Neto. A equipe contava com Paulo Cezar Catanoce, Cardoso, Serrano, Babá, Ted, Márcio Possebon, Soubhia, Val, entre outros. “Fiquei quase quatro anos no América”, descreve.
Em agosto de 1984, mesmo na reserva de Neto, foi convocado pelo técnico Écio Pasca para defender a seleção paulista sub-19 no amistoso contra a Seleção Brasileira de Juniores, que se preparava para a Copa do Mundo e contava com Muller, Silas, Izael, Gérson e outros craques.
O duelo ocorreu no domingo, dia 2 de setembro, em Campinas. “Joguei meio-tempo e ganhamos de 1 a 0”, diz. “Os convocados tinham que ser nascidos até 31 de julho. Por isso eu fui e o Neto, que era mais velho, não”, justifica. O volante Zé Euclides, o lateral-esquerdo Zezé e o meia Toninho Aidar, todos do Rubro, também fizeram parte desta seleção estadual.
Defendeu o Mirassol em 1986
No período em que ficou no América, Lecio disputou três edições do Campeonato Paulista Sub-20 (duas na reserva, de Neto e Farinha, respectivamente), e uma como titular. Também esteve na Copa São Paulo de Juniores de 1985 (eliminado na primeira fase) e de 1986 (quarto colocado, ao perder a semifinal para o Fluminense).
Em 1986, o técnico Antonio Pedro, que comandava a equipe júnior do Rubro, acertou com o profissional do Mirassol e levou Lecio, o volante Fernando Escobar e o atacante Ronaldo Arcanjo, todos emprestados pela direção americana.
Como vice-campeão da Terceira Divisão (atual Série A-3), o time mirassolense havia sido promovido para a Segundona (A-2). “Comecei como titular, estava em grande fase, mas torci o tornozelo direito na vitória de 2 a 1 sobre o Orlândia, fora de casa”, relata. “Não saí do jogo e isso agravou a contusão”, acrescenta.
Lecio ficou três meses em recuperação e quando retornou, Antonio Pedro tinha sido demitido e Chico Amorim assumiu o comando do Mirassol. “Ele optou por deixar o Jair Conceição na equipe e fiquei na reserva.”
Esteve um ano e meio na Portuguesa
O diretor de esportes da Portuguesa, Daniel Prado, havia manifestado interesse na contratação de Lecio após a Copa São Paulo de 1986 e voltou a assediá-lo quando terminou o empréstimo com o Mirassol. “Em novembro, o América me vendeu para a Portuguesa”, afirma.
Comandada pelo técnico Renê Simões, a Lusa contava com os goleiros Serginho, Haroldo (atual preparador de goleiros do São Paulo) e Ewerton, que acabou emprestado ao Noroeste. “Fiquei até junho de 1988 na Portuguesa, mas o Serginho não dava brecha. Só disputei o Paulista de Aspirantes”, recorda.
No segundo semestre, a diretoria lusitana cedeu Lecio para o Jalesense. Voltou para a Portuguesa, mas sem chances de jogar, pediu ajuda a Roberto do Valle Rollemberg, político de Jales, que na época era secretário de Orestes Quércia no governo estadual, para conseguir se desvincular da equipe do Canindé. “O presidente Justus, da Lusa, só concordou em me liberar depois que o Rollemberg prometeu doar ao clube a área que era do Estado e onde hoje se localiza o CT da Portuguesa”, diz. “Praticamente foi uma permuta do meu passe com a área.”
Atuou em mais cinco equipes
Após deixar a Portuguesa, Lecio disputou a então quarta divisão do Campeonato Paulista pelo Tupã, dirigido pelo treinador Acosta, em 1989. Na temporada seguinte, defendeu o Jataiense na divisão especial do Campeonato Goiano e a Guairense na quarta divisão de São Paulo. Ao mesmo tempo, abriu a Pantaton, empresa de confecção esportiva.
A partir de 1991, ele passou a conciliar o futebol com a nova atividade profissional. Retornou ao Tupã, jogou no Bandeirante de Birigui, a convite do técnico Rubinho, e foi vice-campeão sul-matogrossense com o Naviraiense. “Perdemos a final para o Operário de Campo Grande.” Em 1992, atuou no Tupã e no Grêmio Maringá.
Voltou ao Tupã em 1993, mas sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo. “Tive desgaste na rótula de tanto treinamento malfeito”, informa. Desanimou, parou de jogar e passou a se dedicar em período integral à sua empresa.
Em 1998, convidado pelo ex-goleiro Serginho, com quem jogou na Portuguesa, assumiu o cargo de preparador de goleiros do time feminino da Lusa, que contava com Formiga, Maycon e outras craques, e foi campeã paulista. Foi sua última passagem pelo futebol. Casado com Andrea e pai de Lean, Lecio mora em Jales.
FICHA TÉCNICA
Taquaritinga 0
Moacir; Jaime, Gritti, João Marcos e Fantick; Careca, Roberlei, Bira (Né Parise) e Wallace; Zé Sérgio (Miro) e Tim. Técnico: Marcos Guerra.
Mirassol 0
Lecio; Gilson Populina, Marião Galavotti, Edson Pereira e Carlinhos Paraíba; Fernando Escobar, Luis Leopoldo e Noronha; Ronaldo Arcanjo, Pezão (Cafuringa) e Trajano. Técnico: Antonio Pedro.
Árbitro: Euclides Zamperetti Fiorti.
Renda: Cz$ 14,9 mil.
Público: 1.483 torcedores.
Local: estádio Adail Nunes da Silva, o Taquarão, em Taquaritinga, no domingo, dia 20 de abril de 1986 pelo Paulista da Segunda Divisão (atual Série A-2), com Lecio no gol mirassolense.
FICHA TÉCNICA
Orlândia 1
Joceli; Reginaldo, Maurinho, Clóvis e Chico Assis; Elinho, Caetano e Renato Lima (China); Neno, Dema e Gustavo. Técnico: não obtido.
Mirassol 2
Lecio; Gilson Populina, Marião Galavotti, Edson Pereira e Carlinhos Paraíba; Fernando Escobar, Luis Leopoldo e Noronha (Rildo); Cafuringa, Ronaldo Arcanjo e Trajano (Márcio Galdino). Técnico: Antonio Pedro.
Gols: Neno aos 16 minutos do primeiro tempo. Ronaldo Arcanjo aos 11 e Cafuringa aos 42 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Wilson Roberto Catani.
Renda: Cz$ 29 mil.
Público: 4.533 pagantes.
Local: estádio Virgílio Ferreira Jorge, em Orlândia, no domingo, dia 4 de maio de 1986, pelo Campeonato Paulista da Segunda Divisão (atual Série A-2).