Um meio-campista rápido, habilidoso e com um potente chute de direita foi revelado pelo América no início da década de 1980. Trata-se de Toninho Macedo, que começou a carreira nas categorias de base da equipe rio-pretense, mas que se destacou jogando em equipes de Santa Catarina, onde, inclusive, conquistou o título do campeonato estadual da Segunda Divisão pelo Joaçaba, em 1992. Foi artilheiro da competição, com 15 gols. Fez tanto sucesso que clubes catarinenses brigavam para contratá-lo. "Foi o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilla quem me indicou ao Joaçaba. Tive bom desempenho e fiquei por lá alguns anos", diz. Também jogou em outras cinco agremiações catarinenses. Vestiu as camisas do Ferroviário de Tubarão, Xanxerense, Chapecoense, Caçadorense e Atlético de Rio do Sul, onde voltou a levantar a taça da Segundona.
Nascido na cidade matogrossense de Guiratinga, na região de Rondonópolis, Antonio Macedo Maia mudou-se ainda pequeno para Rio Preto, a 825 quilômetros de sua terra natal. "Meus pais vieram para cá atrás de emprego, em 1974, quando eu tinha 10 anos de idade", recorda.
Toninho ficava jogando bola praticamente o dia todo. Só parava para estudar. Aos 16 anos tomou conhecimento de uma peneira do América, no velho estádio Mário Alves Mendonça. Juntou sua "bicanca" e foi com a cara e a coragem. "Tinha muito candidato para a meia-direita, minha posição de origem, então, fiz o teste como ponta-direita", recorda. Precisou de poucos minutos para mostrar suas qualidades ao técnico Jacintho Angelone e ao diretor Pedro Favarini. Aprovado, integrou a equipe juvenil do América. Posteriormente foi comandado por Roberval Teixeira Lima, o Rubinho, e por Antônio Pedro.
Jogou com os zagueiros Cardoso, Ricardo e Caetano, os meias Vagner Palamin, Guilherme e Zé Roberto, o atacante Carlos Alberto Carvalho, o goleiro Neto, entre outros. Pela equipe júnior (sub-20) do Vermelhinho participou de três edições da Copa São Paulo.
Atento aos novatos, o técnico Urubatão Calvo Nunes promoveu o talentoso meio-campista para o time profissional do América, no começo de 1985. Ajudou o Vermelhinho a ficar em oitavo lugar entre os 20 participantes do Paulistão, com 39 pontos.
Com o passar do tempo, as oportunidades na equipe foram raleando. Então, no começo de 1986, a diretoria americana colocou Toninho Macedo como moeda de troca na negociação para trazer o armador Dito Siqueira, do Operário de Várzea Grande-MT. Ele foi em definitivo para o time matogrossense, enquanto o zagueiro Pedrinho Gualti e o ponteiro Celsinho Maritaca foram cedidos por empréstimo de um ano.
O Operário conquistou o título estadual, mas Toninho Macedo desvinculou-se do clube antes da fase decisiva. Como ele não ficou no Operário, o América teve que completar o pagamento referente ao passe de Dito Siqueira. "Não tinha chances no América, então, fiz um acordo, comprei meu passe e fui tentar a sorte em outros clubes", descreve.
Acertou com o Gema de Monte Aprazível. Foi contratado junto com o meia Tigrila, o goleiro Gilmar, o lateral direito Foguete, os pontas Edivaldo e Esquerdinha e o centroavante Vavá Matinha. A equipe fez uma boa campanha na Segunda Divisão (atual Série A-3), chegando à fase decisiva, mas sucumbiu diante de Olímpia e Barretos, que contava com Paulinho McLaren e Zé Humberto, entre outros.
Depois, disputou a Segunda Divisão do Mato Grosso do Sul pelo CAP de Paranaíba. Defendeu o São Paulo de Avaré, do técnico Bidon, na Terceira Divisão paulista e destacou-se no Nevense, mas essa história merece um capítulo à parte.
Agressão a árbitro causa extinção do Nevense
Em 1990, Toninho Macedo transferiu-se para o glorioso Clube Atlético Nevense. A equipe fez boa campanha na Terceirona (atual Segunda Divisão) e estava com o acesso antecipado garantido. Naquela época, a Federação Paulista de Futebol fez uma remodelação nas competições e promoveu 16 equipes, criando as Séries B1-A e B1-B. Porém, a ascensão do Nevense não foi homologada pela entidade em razão de uma pancadaria ocorrida na última rodada, no estádio Inácio Vasquez, em Neves Paulista. O Nevense perdia de 1 a 0 do Andradina, quando o jogo foi interrompido aos 20 minutos do primeiro tempo.
Gilberto "Formiga" Silva, presidente do clube da região e alguns torcedores invadiram o campo e agrediram o árbitro Carlos Alberto Sallati, que sofreu fraturas no nariz, nas costelas e hematomas generalizados pelo corpo. Jogadores também participaram do massacre. O pessoal do Nevense alegou na época que o juiz estava mal-intencionado. Sallati havia expulsado dois atletas do time da casa e validado o gol impedido do Andradina, de acordo com o relato de Gilberto Silva.
Como punição, o Nevense foi suspenso por um ano das atividades da FPF, medida tomada pelo presidente da entidade, Eduardo José Farah, em 14 de dezembro de 1990, sem esperar o julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). A Terceirona só acabou no começo de 1991.
União Cruzeirense, Guarani Saltense, Comercial de Registro, XV de Caraguatatuba, São Caetano, Vila das Palmeiras de Suzano, Paulistano de Jundiaí, União Suzano, Corinthians de Presidente Venceslau, Palmeirinha de Porto Ferreira, São Paulo de Avaré, Monte Azul, Palmeiras de Franca, Estrela da Bela Vista de São Carlos e Andradina subiram.
O Nevense perdeu a vaga em razão da agressão ao árbitro. Foi a última temporada do time no profissionalismo. Os custos ficaram elevados e inviabilizaram a reativação da equipe, que sobrevivia só com o apoio da prefeitura local.
Parou de jogar aos 32 anos
Nascido em 25 de fevereiro de 1964, Toninho Macedo pendurou a chuteira aos 32 anos no Atlético de Rio do Sul, em Santa Catarina. "Decidi dar um basta", afirma. Voltou a Rio Preto e trabalhou como entregador de jornal. Posteriormente, em sociedade com Marcos Antonio dos Santos, seu sobrinho, montou uma loja de controle remoto. O negócio não evoluiu e ele mudou de ramo. Abriu uma oficina e comércio de peças para motocicletas no jardim Caparroz, em Rio Preto. Mantém a empresa há quase 10 anos. Pai de Tamires e Giovana, Toninho Macedo mora em uma chácara no distrito de Talhado.