Eleito melhor técnico do Paulistão deste ano, Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, tem uma longa e rica trajetória como treinador de futebol. O que pouca gente sabe é que ele também foi jogador, com passagens por clubes do Interior de São Paulo, pendurando a chuteira precocemente, aos 27 anos de idade, após defender o Derac, de Itapetininga, na Terceira Divisão (atual Série A-3).
Nascido em Monte Azul Paulista, no dia 21 de agosto de 1956, Vadão começou a jogar em equipes amadoras de sua terra natal, passando também pelo futsal. Meio-campista de oficio, ele chegou às categorias de base do Guarani, de Campinas, graças a uma matéria escrita pelo jornalista Palmiro Corriere e publicada no jornal "A Gazeta Esportiva". "O Palmiro fez uma reportagem me elogiando e colocou uma foto", informa Vadão.
O técnico Adailton Ladeira, que comandava o juvenil do Bugre, ficou interessado e o convidou para fazer testes na equipe em 1974. Aprovado, passou a integrar o time, que também contava com os laterais Mauro e Miranda (ambos campeões do Brasileirão de 1978 com o Guarani), o zagueiro Estevam Soares, o meia Renato Pé Murcho, entre outros craques.
Em 1975, Vadão deixou o Guarani e, a convite do zagueiro Celso, com quem havia jogado na equipe campineira, foi fazer teste no Botafogo, de Ribeirão Preto. Mostrou sua categoria durante a avaliação e, mesmo aprovado pelo técnico Manga, ficou pouco tempo no tricolor ribeirão-pretano.
Depois dessa passagem, Vadão iniciou uma verdadeira peregrinação por clubes do Interior. Disputou a Segunda Divisão (atual A-2) pelo Velo Clube Rioclarense, junto com os volantes Edson Augusto e Guerra, o ponta-direita Barrinha, o goleiro Plínio, entre outros. Também esteve no Capivariano, responsável pela projeção do goleiro Carlos, que depois foi para Ponte Preta, Corinthians e defendeu a Seleção Brasileira na Copa de 1986, no México. O meio-campista ainda jogou no Olímpia, Esportiva Araçatuba, Catanduvense, Noroeste de Bauru, Paulista de Jundiaí e Derac. Vadão passou em primeiro lugar no vestibular da faculdade de educação física e, quando se formou, decidiu pendurar a chuteira. "Estava com 27 anos, já era casado, pai de família e não tinha mais perspectiva como jogador", justifica.
Vitoriosa trajetória como treinador
Ao pendurar a chuteira, Vadão aceitou o convite de Pedro Pires de Toledo, preparador físico da Portuguesa, para trabalhar como seu auxiliar. "O Pedro foi uma pessoa muito importante na minha vida", diz. “Trabalhamos juntos por dois anos na Lusa e depois ele me levou para a Ferroviária, ia, que era treinada pelo Roberto Brida”, informa.
Em 1985 começou o vinculo de Vadão com o Mogi Mirim, onde tomou-se conhecido. "Fui preparador físico da equipe dirigida pelo técnico João Magoga. Conquistamos o título da Segundona (atual A-2) e o acesso inédito para o Paulistão", recorda. Trabalhou com Nelsinho Baptista no Sporting de Barranquilla, da Colômbia, no América de Rio Preto e em outros clubes.
Retornou ao Sapão da Mogiana em 1990 e, no ano seguinte, assumiu o comando interino da equipe após a saída do treinador Pedro Rocha. A diretoria contratou Geraldo Duarte, que acabou demitido pouco tempo depois. Então, lá foi Vadão de novo quebrar o galho. O Mogi obteve bons resultados e os jogadores pediram a efetivação dele no cargo. "O problema é que não me programei para ser treinador", afirma.
Porém, Vadão não teve como escapar. Ainda mais que o pedido foi endossado pelo presidente Wilson de Barros, o diretor Henrique Stort e o jornalista Brasil de Oliveira, influente nos clubes da região de Campinas. Encarou o desafio e o Mogi fez uma campanha notável no Paulistão de 1992, com 17 vitórias, seis empates e nove derrotas. Na somatória das duas fases, terminou em terceiro lugar na classificação geral, com 40 pontos, atrás apenas de São Paulo e Palmeiras.
Na época, o Carrossel Caipira, como ficou conhecido, numa alusão à seleção da Holanda (o Carrossel Holandês da Copa do Mundo de 1974), revelou os talentosos Rivaldo, Valber, Leto e Admilson. Foi o ponto de partida para uma trajetória brilhante.
Foi campeão da Segundona paulista pelo Mogi, do Brasileiro da Série C pelo XV de Piracicaba (1995), estadual pelo Atlético-PR, em 2000, do Torneio Rio-São Paulo de 2001, com o São Paulo, quando revelou Kaká, subiu da Série B para o Brasileirão com o Vitória (2007) e foi vice-campeão paulista deste ano com o Guarani.
Acumulou passagens por Corinthians, Ponte Preta, Bahia, Goiás, São Caetano e Portuguesa. Teve uma experiência internacional em 2005 ao dirigir o Verdy Tóquio, onde foi campeão da Supercopa do Japão. Casado com Ana Luiza, pai de Adriano e Carolina, e avô de Leonardo e Felipe, Vadão tem residência fixa em Monte Azul Paulista.
Fisicultor do América em 1989
Oswaldo Alvarez teve uma passagem pelo América como preparador físico no Paulistão e no Brasileiro da Série C de 1989. O time andava mal das pernas no estadual e o técnico Luis Carlos Ferreira pediu demissão após a derrota de 3 a 0 para a Portuguesa, em pleno estádio Mário Alves Mendonça, no domingo, dia 9 de abril.
Nelsinho Baptista foi contratado e exigiu a vinda de Vadão, fisicultor de sua confiança. Os dois estavam trabalhando no Sporting de Barranquilla e assumiram o Vermelhinho na quarta-feira, dia 12 de abril. Vadão substituiu o demitido Renato Cabral.
A dupla estreou na vitória de 1 a 0 sobre o XV de Piracicaba, no domingo, dia 16 de abril, no MAM. Com a chegada deles, o time embalou e emplacou novos triunfos contra Ferroviária e Mogi Mirim. O Rubro ficou em 16° lugar entre os 22 participantes do estadual. Nelsinho e Vadão permaneceram para o Brasileiro da Série C, mas a equipe caiu na primeira fase.