Goleiro é a posição mais ingrata do futebol. Pode pegar tudo, fechar o gol, mas basta uma falha para ser crucificado por torcedores e dirigentes. O tanabiense Antonio Martins Guimarães Neto, nascido no dia 31 de agosto de 1965, conseguiu manter boa regularidade nos mais de 10 anos de carreira e, por isso, nunca foi penalizado. Neste período, ele defendeu o time de sua terra natal, América de Rio Preto,Votuporanguense, Sãocarlense, União de Rondonópolis-MT e os catarinenses Brusque e Juventus de Jaraguá do Sul.
Desde criança, Neto sempre atuava no gol e chamou a atenção do técnico Galvani, que comandava o juvenil do Tanabi. Aos 16 anos, disputou o estadual da categoria e chegou a jogar no time principal, substituindo o titular Durval, que havia se machucado. O treinador Valter Zaparolli o escalou em duas partidas pela então Copa São Paulo (atual Copa Paulista). “Ganhamos de 2 a 0 da Votuporanguense e de 1 a 0 do Fernandópolis”, recorda.
Jacintho Angelone, que havia comandado a equipe tanabiense e estava nos juniores do América, notou o potencial do promissor guardião e o encaminhou para o Vermelhinho rio-pretense. “Naquela época, eu nem tinha contrato com o Tanabi e o América me levou de graça”, informa.
Chegou ao Rubro em meados de 1984. “Na minha estreia ganhamos de 4 a 0 do Monte Líbano pelo Campeonato Municipal Juvenil, numa preliminar de América e São Paulo, pelo Paulistão”, recorda. O sub-20 do América chegou ao quadrangular final do Paulista do Interior, ficando em terceiro lugar, atrás de Botafogo, de Ribeirão Preto, e Ferroviária, e à frente do XV de Jaú.
Em janeiro de 1985, disputou a Taça São Paulo de Juniores. A equipe foi eliminada na primeira fase. Perdeu do Palmeiras por 2 a 1, dois gols do centroavante Guina. Serrano fez para o Rubro. Ganhou de 3 a 0 do Brasil de Pelotas-RS, gols de Izael, Serrano e Júnior e foi derrotado pelo Santa Teresa-MG por 1 a 0, gol de Júlio César cobrando falta. “Eu e o Taffarel (do Inter-RS) fomos eleitos os melhores goleiros do campeonato”, diz.
De volta à Vila Santa Cruz, o América trouxe o técnico Urubatão Calvo Nunes e passava por reformulação. O goleiro Paulo César Borges foi negociado com o Sport e Valô estava sem contrato. Moacir foi titular nos amistosos contra Taquaritinga, Uberaba e Ferroviária. A primeira aparição de Neto entre os profissionais foi na vitória por 2 a 0 no amistoso em Taquaritinga, com dois gols de Serrano, ao entrar no lugar de Moacir.
Na abertura do Paulistão, o América levou 3 a 0 do XV, em Piracicaba, e Urubatão não gostou do desempenho de Moacir. Decidiu escalar Neto diante da Inter de Limeira na rodada seguinte. “Fiz uma grande partida e vencemos por 2 a 0”, informa. Na sequência, a diretoria contratou Barbirotto e Neto voltou a ficar como opção.
Entretanto, ele teve nova oportunidade no segundo turno, contra o São Paulo, no Morumbi, no dia 10 de outubro de 1985. Emprestado ao América pelo Tricolor, Barbirotto não podia enfrentar seu clube de origem em razão de um acordo entre as diretorias.
O América perdeu de 4 a 0, com gols de Muller (2), Careca e Dario Pereyra, mas Neto fez a parte dele. Defendeu um pênalti cobrado por Careca, quando o jogo estava empatado em 0 a 0, e foi eleito o melhor jogador em campo. “Se não estivesse bem, tínhamos levado uns oito.”
Defendeu 6 times em 10 temporadas
Em 1986, Neto foi emprestado ao Tanabi. Naquele ano, a Federação Paulista de Futebol remanejou suas competições, criando a Divisão Intermediária, e 16 dos 28 clubes da Segundona foram promovidos, entre eles o Tanabi. Após o empréstimo, Neto voltou ao América esperando uma oportunidade. Teve paciência apenas uma temporada (1987), mas a concorrência era grande, com Marola, Betinho e Marcelo.
Foi novamente cedido ao Tanabi até que seu pai, Jaime Guimarães, comprou o passe dele por 700 mil Cruzados à vista. O presidente Benedito Teixeira, o Birigui, havia estipulado o vínculo em 1,5 milhão, mas arregalou os olhos ao ver o envelope recheado de notas novinhas e fechou o negócio na hora.
Livre para voar, Neto acertou com a Votuporanguense. Em 1989, foi para o Grêmio Sãocarlense, do técnico Vágner Benazzi, subindo da Intermediária para o Paulistinha. Depois, voltou para a Votuporanguense e transferiu-se para o Brusque, que estava 16 jogos sem vencer no Campeonato Catarinense. “Acertamos o time e fomos eliminados na semifinal pelo Criciúma”, relembra.
Ainda participou da campanha do Brusque na Taça de Prata (atual Brasileiro da Série B) e, posteriormente, seguiu para Jaraguá do Sul-SC, onde defendeu o Juventus. “Fui o goleiro menos vazado do estadual e o Grêmio, de Porto Alegre, ficou interessado na minha contratação, mas o negócio não deu certo.”
Após as façanhas em Santa Catarina, Neto foi vice-campeão matogrossense de 1993 pelo União de Rondonópolis, que perdeu a final para o Operário de Várzea Grande. Retornou ao Tanabi, onde ficou mais duas temporadas (1994 e 1995), quando foi comandado pelo técnico Parraga. “Tinha proposta do Rio Preto, mas decidi parar”, afirma.
Após pendurar a chuteira, passou a trabalhar na fábrica de confecção do pai. O fisicultor e treinador José Antônio Martins quis levá-lo como preparador de goleiros para Omã,no território árabe, mas ele recusou a proposta. “O Márcio (empresário de futebol, que morreu no acidente aéreo da TAM em Cumbica), de Monte Aprazível, também não conseguiu me convencer a ir para o futebol japonês, trabalhar na mesma função.”
Pai de Lucas e Mateus, Neto é divorciado, mora em Tanabi e hoje atua como representante comercial. “Depois que parei de jogar fui ao campo uma vez só e assisti meio tempo de uma partida entre Tanabi e Catanduvense”, descreve.