Com faro de gol, ótimo cabeceio e uma patada na perna esquerda, Cleber Eduardo Arado foi um dos grandes artilheiros da história do América. Marcou os primeiros tentos, aos 13 anos de idade, pelo segundão (aspirantes) do Internacional do bairro Duas Vendas, de Rio Preto. Depois, foi campeão do Varzeano de 1989 pela Matinha, que ganhou a final do Belorizontino.
“O João de Cayres e o Wanderley Gallo assistiram a decisão e me convidaram para treinar no juvenil do América”, recorda. Integrou as categorias de base do Rubro e em 1992 foi campeão paulista de aspirantes. “Na final batemos o Guarani, que tinha o Luizão (centroavante de Rubinéia), Robert (ex-Santos), o goleiro Marcos Garça...”, diz.
Passou a treinar entre os profissionais e sua estreia aconteceu no empate sem gols com o Rio Preto, em jogo amistoso, no Riopretão. A primeira partida oficial foi no empate de 3 a 3 com a Ponte Preta, no Mário Alves Mendonça, pelo Paulistinha de 1993. Firmou-se como titular e fez uma dupla formidável com Cacaio em1994, ajudando o Vermelhinho a ficar em 5º lugar no Paulistão, atrás apenas de Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos. Sua despedida do América foi na vitória por 1 a 0 sobre a Ferroviária, gol de Edinan, no dia 11 de maio de 1995.
Após o estadual, foi vendido ao Mogi Mirim por US$ 250 mil. Deixou sua marca de goleador em duas edições do Brasileiro da Série B, no Paulistão do ano seguinte e deu um enorme lucro ao time mogiano. Passou a ser a referência do Mogi, que disputou o quadrangular final da Série B de 1995, com Coritiba, Atlético-PR e Central de Caruaru-PE. Após a competição, Corinthians e Flamengo queriam comprá-lo, mas o Kyoto Purple Sanga, do Japão, pagou US$ 1 milhão pelo empréstimo de um ano.
Retornou ao Brasil em novembro de 1997 e ficou dois meses emprestado ao Coritiba, marcando 12 gols em 13 partidas. Estreou no empate de 3 a 3 com o Botafogo-RJ, no Couto Pereira, entrando no lugar de Eliomar. No primeiro jogo como titular, marcou três gols no triunfo de 4 a 2 sobre o Bragantino. Dirigentes curitibanos ficaram alucinados e tentaram comprá-lo, mas o Mogi Mirim decidiu vendê-lo ao Mérida, da Espanha, por US$ 2 milhões.
Fez cinco gols em 13 partidas no futebol espanhol. Tudo ia bem até a morte do seu empresário, Fernando Torcal, que também gerenciava as carreiras de Djalminha, Rivaldo, entre outros. “Fiquei sem rumo”, recorda. O Atlético-PR ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho e conseguiu tirá-lo do Mérida. Fez os exames médicos no Furacão e quando ia assinar contrato o Coritiba depositou os US$ 2,5 milhões exigidos pelos espanhóis, atravessando o negócio. “A torcida atleticana passou a me odiar”, diz o ex-jogador.
Com ele, o Coritiba se classificou entre as quatro melhores equipes do futebol brasileiro e para se tornar definitivamente grande ídolo do clube, ajudou a acabar com o jejum de 10 anos sem o título estadual. Foi eleito o melhor jogador e artilheiro do campeonato, marcando gols em todos os jogos decisivos (contra o Atlético-PR, na semi, e diante do Paraná, na final).
O ano seguinte foi marcado por uma contusão, que deixou o atacante fora dos gramados na maioria dos duelos do Campeonato Paranaense. Sua última partida pelo Coxa foi no empate de 1 a 1 na final do Paranaense de 2000 contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada. No total, fez 48 gols em 90 jogos pelo Coritiba.
Calote da Lusa e campeão no Ceará
Após brilhar e tornar-se ídolo no Coritiba, Cleber Arado acabou vendido porR$ 2milhões à Portuguesa. “Só fui por questões políticas. Estava indo para o Corinthians, mas a Portuguesa atravessou no meu caminho e financeiramente para o Coritiba seria melhor.” Ficou vinculado à Lusa até 2002, com saídas por empréstimo para o Paulista de Jundiaí, durante o Torneio Rio-São Paulo, e para o Ceará, onde foi campeão estadual de 2002, acabando como sonho do tricampeonato do rival Fortaleza.
Precisou entrar na Justiça para deixar a Lusa. “Fiquei oito meses sem receber salários”, alega. Com o passe na mão, retornou ao Mogi Mirim para disputar o Brasileiro da Série B de 2003. “Praticamente montei o time. Levei Paulo Nunes, Clóvis, Pitarelli e outros”, informa. No ano seguinte, arrebentou no Avaí, onde chegou às finais do Brasileiro da Série B, marcando 11 gols em13 jogos.
Também voltou ao Ceará, em 2004, onde foi bicampeão estadual, porém, sem tanto brilho quanto na primeira passagem. Cleber sofreu uma lesão no joelho direito e participou de poucos jogos. “Operei três vezes. Voltava a treinar e o joelho inchava ou doía.”
Retornando a Rio Preto, dedicou-se ao antigo projeto de construir um centro de treinamento. Investiu mais de R$ 2 milhões no CT, instalado numa área de 40 mil metros quadrados, que possui hotel com 15 apartamentos, dois campos oficiais com grama esmeralda, dois mini-campos, duas quadras de areia, piscina, sauna e ampla área verde. Inaugurou o espaço no dia 12 de outubro de 2004.
Em 2006, tentou retomar a carreira profissional. Acertou com o Rio Preto para disputar a Série A-2, com uma condição. “Falei para o Dalla Pria (presidente) também contratar meu primo, o Branquinho (hoje no Atlético-PR), que disputava o Amadorzão pelo Botafogo da Vila Ercília”, relata. “O Branquinho realizou o sonho de criança dele, que era o de jogar junto comigo.”
Porém, as dores no joelho direito o incomodavam e, para complicar, ele sofreu uma nova contusão na partida contra o Oeste, em Itápolis. “Participei de seis jogos pelo Rio Preto.” Encerrou a carreira profissional e defendeu o Texas no Amadorzão. Atualmente, ele é vice-presidente do clube.
Passou a atuar como empresário ligado ao futebol. Firmou parceria com os empresários coreanos Tae Hoconhjo e Roberto Ji e faz intercâmbio de jogadores nas categorias infantil e juvenil. Neste ano foi o gestor da base do Tanabi, disputando os paulistas Sub-17 e Sub-15.
O rio-pretense Cleber nasceu no dia 11 de outubro de 1972. “Em outubro só nascem craques. Eu, o Pelé, o Maradona...”, brinca o ex-atacante, marido deMalu e pai de Eduardo Henrique e Ariane Eduarda. A família mora no bairro Mançour Daud, em Rio Preto.