América Futebol Clube

O América que hoje se arras­ta na terceira divisão paulista (Série A-3), e corre risco de cair mais um degrau, já teve seus mo­mentos de fama entre as gran­des potências do futebol nacio­nal. O túnel do tempo mostra que, há exatos 35 anos, o temido Vermelhinho disputava a elite do Campeonato Brasileiro e fez confrontos épicos com Atlético-MG, Inter-RS, Vitória, Cruzei­ro, São Paulo e Palmeiras.

Com um futebol alegre e ofensivo, a equipe rio-pretense cativava a todos, tornando-se uma verdadeira febre regional.  Na época, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, abriu mais duas va­gas na Taça de Ouro de 1978 pa­ra o estado de São Paulo. A Federação Paulista promoveu um torneio seletivo entre América, XV de Piracicaba e Noroeste.

O triangular foi equilibrado. Logo na abertura, na quar­ta-feira, 16 de novembro de 1977, o Rubro enfrentou o XV e quase 5 mil torcedores no es­tádio Barão de Serra Negra, em Piracicaba. Apesar da pres­são, houve triunfo Vermelhi­nho por 1 a 0, gol de Luis Fer­nando Gaúcho, aos 44 minu­tos do segundo tempo.

No domingo seguinte, nova vitória apertada por 1 a 0 diante do Noroeste, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, gol de Serginho Índio. Dia 30, quarta-feira, o Diabo segurou o empate sem gols com o Noroes­te, em Bauru, e antecipou a clas­sificação na elite nacional. Depois, ganhou novamente de 1 a 0 do XV, no MAM, no domingo, 18 de dezembro, gol de Luis Fer­nando Gaúcho aos 14 minutos do segundo tempo, para delírio da nação americana, que inva­diu as ruas da cidade e comemorou o feito inédito.

Logo após a conquista, a di­retoria demitiu o técnico Ro­berto Belangero, alegando fal­ta de comando. "Não sei traba­lhar com faca na mão e revól­ver na cinta", rebateu o então treinador, adepto à democra­cia e contra o regime autoritá­rio. Para substituí-lo, a cartola­gem trouxe Orlando Peçanha.

Com a base do seletivo man­tida, a equipe estreou no Brasileirão com vitória de 3 a 0 sobre o Flamengo do Piauí, no domingo, dia 26 de março de 1978, com 7,5 mil torcedores no estádio Mário Alves Mendon­ça. Os gols foram de Paulo Ce­sar Donega (2) e Zico. Peçanha mandou a campo Edson; Pauli­nho, Nelson Prandi, Zico e Pau­lo Roberto; João Luiz Bolinha, Wilson Luiz Bocão e Serginho Índio (Marcelo); Pedrinho (Be­to Rocha), Donega e Silvinho.

Bateu no campeão e empatou com Galo

Pelo regulamento do Brasileirão de 1978, triunfo por três ou mais gols de diferença rendia três pontos ao vencedor. Placar inferior valia dois pontos.  Além dos 3 a 0 sobre o Flamengo-PI, o América teve resul­tados marcantes. Carimbou a faixa do São Paulo, campeão nacional do ano anterior, ao ganhar por 1 a 0, no Mário Alves Mendonça, gol do pon­ta-direita Pedrinho no início do jo­go disputado no dia 12 de abril.

Ao final da primeira fase, a diretoria vendeu ao Cruzeiro por Cr$ 1,2 milhão o goleiro Luiz Antônio Totó, que estava sem contrato e, por isso, não vi­nha jogando. Na segunda fase, o Rubro arrancou um heróico em­pate de 2 a 2 com o Atlético-MG, no Mineirão, no dia 24 de maio.

A equipe do técnico Orlando Peçanha ainda teve um confron­to equilibrado contra o Cruzeiro, perdendo de 1 a 0, e se despediu com derrota de 2 a 1 para o Inter-­RS, em Porto Alegre.  A estrutura era bem diferente da atual. Tan­to que após o Brasileirão a direto­ria contratou o técnico Barbata­na, que estava no Atlético-MG. Hoje é impossível um treinador do Galo vir para o Vermelhinho.

Em 1980, o América fez ótima campanha na Taça de Prata. Obte­ve resultados expressivos como a go­leada sobre o Figueirense por 6 a 2 e o Novo Hamburgo por 4 a 1. Tam­bém bateu o Avaí por 3 a 2. Adqui­riu direito de disputar a Taça de Ou­ro no mesmo ano. Porém, deixou a desejar, ao sofrer goleadas de 5 a 0 para o Colorado (atual Paraná Clu­be), em Curitiba, e para o Grêmio, em Porto Alegre. O tricolor gaú­cho também venceu o América no Mário Alves Mendonça por 3 a 1. Foi a segunda e última participa­ção da equipe na elite nacional. 

Depois de proporcionar tantas alegrias e glórias aos torcedores da região, é lamentável ver o brilhan­te América de outros tempos, hoje à beira da quarta divisão.  Por isso que recordar é preciso.