Centroavante destemido, bom cabeceador, veloz e obediente taticamente, Carlos Alberto de Carvalho, o Cara de Lata, deixou sua marca em nove clubes do Interior de São Paulo, conseguindo subir de divisão com três agremiações. Ele começou a carreira nas categorias de base do América, depois passou pelo Tanabi, Araçatuba, Barretos, Grêmio Sãocarlense, Santo André, Mirassol, Guaçuano e José Bonifácio, onde pendurou a chuteira em 1993.
Ouriçado e intrépido, desde pequeno Carlos Alberto corria atrás da bola no meio da molecada em José Bonifácio, sua terra natal. Ainda garoto, fez dupla ofensiva no Radium, time amador de Catanduva, com Petróleo (que depois brilhou no América, de Rio Preto, e foi vendido ao Botafogo-RJ).
Em 1978, tomou conhecimento que o América promoveria uma peneira para selecionar garotos para as categorias de base. "O Petróleo já estava no América e me convidou", diz. Não pensou duas vezes. Meteu a velha chuteira surrada na mochila e foi tentar a sorte. Acabou se destacando entre dezenas de candidatos e chamou a atenção do técnico Benedicto Ambrózio e do diretor Pedro Favarini.
Disputou o Paulista de Juniores com a equipe que contava com os zagueiros Lacerda e Cardoso, o lateral esquerdo Babá, o volante Ademilson, entre outros. Em 1982, para adquirir experiência foi emprestado ao Tanabi, integrante da Segunda Divisão de Profissionais (atual Série A-2). Comandado pelo técnico Valter Zaparolli, o Tanabi contava com o goleiro Durval, o meia Noriva, entre outros jogadores experientes. "Fomos eu e o Val (ponta-direita)", recorda.
Retornou ao Rubro na temporada seguinte e passou a treinar com os profissionais, quando ganhou o apelido de Cara de Lata. "O Roberto Biônico, Jorge Lima, Valô e o Ademilson começaram a me chamar assim. Aí pegou", diz.
Em meados de 1983, com a chegada do treinador João Avelino para substituir o demitido Ernesto Guedes, Carlos Alberto ganhou mais espaço no clube e chegou a jogar no time principal do Vermelhinho. "Participei de vários jogos do Paulistão e também da Taça de Prata", descreve.
Estreou na vitória de 2 a 0 sobre o Botafogo, no estádio Mário Alves Mendonça, no dia 14 de agosto. Ele substituiu Roberto Biônico, que estava gripado, e abriu o placar aos 9 minutos do segundo tempo, completando uma jogada individual do meia-esquerda Toninho. Baroninho fez o segundo, aos 33.
Carlos Alberto atuou contra São Paulo e Corinthians. O duelo diante do Tricolor foi realizado no estádio Riopretão, no dia 27 de setembro. O São Paulo ganhou por 3 a 0, com gols de Humberto, Careca e Zé Sérgio. O Mário Alves Mendonça estava interditado em razão da agressão do torcedor Eduardo Bérgamo - conhecido como Chico Tripa -, ao bandeirinha Marco Antônio Iazetti no empate sem gols com o Santos, no dia 4 de agosto. Iazetti anulou um gol do lateral direito Edson Oliveira, vindo da Portuguesa, alegando impedimento do meia Paulinho Criciúma, que não havia participado do lance.
No dia 8 de outubro, Carlos Alberto voltou a ser escalado na batalha contra o Corínthians. Com mais de 16 mil torcedores no Mário Alves Mendonça, o Timão venceu por 1 a 0, gol do atacante reserva Luís Fernando, que havia entrado no lugar de Vidotti, e balançou as redes aos 39 minutos do segundo tempo.
O América chegou a correr o risco de rebaixamento no Paulistão de 1983, mas somou pontos importantes, terminando em oitavo lugar entre os 20 participantes. São José e Taubaté foram os rebaixados.
Subiu de divisão com três equipes
Após a sua primeira experiência no profissional do América, Carlos Alberto acabou vendido à Esportiva Araçatuba, integrante da Segunda Divisão (atual A-2). Ele foi para a AEA junto com o goleiro Gilmar e o meia-esquerda Carlos Neves, todos revelados nas categorias de base do Rubro. Na equipe estava o zagueiro Edvaldo, que depois jogou no XV de Jaú e no Corinthians.
Em 1985, a direção do Araçatuba emprestou Carlos Alberto para o Barretos, uma das forças da Segundona. Lá, já estavam os zagueiros Bezerra, campeão brasileiro pelo São Paulo em 1977, e Renatão, do Marília, o volante Guerra, ex-Rio Preto e Velo Clube, entre outros. O time barretense chegou à fase decisiva, mas acabou eliminado pelo Novorizontino na fase semifinal. A equipe de Novo Horizonte subiu para o Paulistão, junto com o Mogi Mirim. Tanabi e Taubaté também participaram da fase final, em São Paulo.
Após a boa campanha no Barretos, Cara de Lata voltou para o Araçatuba, dono de seu passe, subindo da Segunda para a Divisão Intermediária (atual A-2) em 1987. Depois, fez um acordo com a diretoria, pegou o passe e bateu asas para outras agremiações. "Eles me deviam um dinheiro, então, troquei a dívida pela minha liberação", informa.
Foi para o Grêmio Sãocarlense, onde conquistou dois acessos consecutivos. "Subimos da Segundona para a Intermediária e, depois, para o Paulistão", relembra. Na equipe de São Carlos estavam o centroavante Roberto Biônico, o goleiro Jonas, o ponta-esquerda Silvano, entre outros jogadores conhecidos no Interior
Em 1990, trocou o Sãocarlense pelo Santo André, mas ficou pouco tempo. "Tive uma passagem curta lá, foram quatro ou cinco meses." Voltou ao time de São Carlos, onde completou a temporada. No ano seguinte, Cara de Lata acertou com o Mirassol, do técnico Luiz Carlos Martins.
O Leão contava com o zagueiro Papinha, o goleiro João Luís, ex-XV de Jaú, o meia Silmar, os atacantes Cássio e João Mauro, entre outros. "Fizemos uma boa campanha", diz. "Na última rodada, precisávamos vencer o Araçatuba, em casa, para disputarmos o quadrangular final, mas infelizmente, perdemos de 1 a 0", destaca.
Em 1992, Luiz Carlos Martins foi para o Guaçuano e levou Carlos Alberto, Donato, Papinha e João Mauro. "Subimos para o equivalente hoje à Série A-3." No ano seguinte, Cara de Lata acertou com o José Bonifácio, um dos destaques da Série B (atual Segunda Divisão). "Fomos eliminados na fase semifinal", diz.
Após sua passagem pelo José Bonifácio, Carlos Alberto decidiu pendurar a chuteira, aos 31 anos de idade. Formado em Educação Física pela faculdade de Araçatuba, ele começou a trabalhar como preparador físico do time de sua cidade, junto com o técnico Fernando Guisini, ex-zagueiro do Santos e do Marília.
Três anos depois, Carlos Alberto deixou o futebol de lado e abriu uma mercearia no centro de José Bonifácio, comércio que mantém há 15 anos. "Futebol, hoje, só por lazer. Mesmo com 105 quilos ainda jogo entre veteranos", diz. Nascido no dia 9 de outubro de 1962, ele é casado com Silvia Helena e pai de Letícia Carla e Isabela Helena.