América Futebol Clube

Numa época em que a maio­ria dos jogadores criava vínculo com os clubes e, às vezes, até se enraizava, torcedores sabiam decor e salteado a escalação dos seus times de coração. O lateral direito Paulinho é um desses ca­sos. Manteve uma fidelidade ao América por quase dez anos. Che­gou ao Vermelhinho numa quinta-feira, dia 28 de janeiro de 1971, e atuou até maio de 1980, na Taça de Ouro (atual Brasileirão).

Paulo Sérgio Ramos de Souza abandonou os testes na Portugue­sa e veio a Rio Preto por indicação do técnico Vail Mota e do supervi­sor Ary Martha. Ficou um mês em avaliação para depois ser con­tratado em definitivo. Três dias depois da sua chegada, no domin­go à noite, 31 de janeiro, estreou ao entrar no lugar de Osvaldo Cunha - vindo do Corinthians - no amistoso comemorativo ao 25° aniversário do Rubro, contra o Palmeiras, que terminou 0 a 0 no estádio Mário Alves Mendonça.

No decorrer dos treinos, Paulinho mostrou personalidade e ganhou a confiança de Vail e assumiu a titularidade. Foi peça im­portante na campanha do Paulistinha daquele ano, que culmi­nou com o acesso da equipe para o Paulistão de 1972. Na classifica­ção por pontos perdidos, Juventus com 13, Ferroviária 14, Amé­rica 18, São Bento 19, Guarani 20 e XV de Piracicaba 22, subi­ram para a elite. Comercial com 23, Botafogo 24, Portuguesa Santista e Paulista 26, Marília 27 e Noroeste 33, foram eliminados.

Paulinho disputou oito edi­ções consecutivas do Paulistão pe­lo América, entre 1972 e 1979, com destaque para as campanhas de 1975 e 1976, quando o time rio-pretense terminou na quarta e na quinta posições, respectivamente. Também fez parte da equipe no Seletivo para o Brasileiro de 1978.

Esteve presente ainda no Paulistão do ano seguinte e na Ta­ça de Prata (atual Série B) e de­pois na Taça de Ouro (atual Brasileirão), ambas em 1980. Uma das suas últimas partidas pe­lo Rubro foi na derrota de 3 a 1 pa­ra o Grémio, no Mário Alves Men­donça, no dia 13 de abril de 1980.

Jogou no Santos e defendeu a seleção paulista 

Durante o seu longo víncu­lo com o América, o lateral di­reito Paulinho sempre mos­trou eficiência. “Procurava fa­zer o básico. Marcava firme e tentava ajudar o ataque”, diz o ex-jogador. A simplicidade tal­vez seja a razão da longevida­de dele na Vila Santa Cruz.

As atuações marcantes, principalmente nas tempora­das de 1975 e de 1976, foram recompensadas. Após o Paulistão de 1975 foi emprestado ao San­tos, clube que o projetou, para a disputa do Brasileirão. “Fui muito bem na vitória de 2 a 1 sobre o Santos, no Pacaembu, pelo hexagonal decisivo do Paulistão, e a diretoria santista decidiu me contratar”, recorda. A grande fase foi interrompida por uma contusão no joelho que o tirou de combate de sete jogos. “Fiquei sete meses no Santos e após o empréstimo vol­tei para o América”, informa.

Paulinho ainda foi convo­cado para defender a seleção paulista de novos em uma ex­cursão pela Europa e Oriente médio. A equipe era comanda­da pelo técnico Vail Mota, res­ponsável por sua vinda para o América, e fã do seu futebol.

Além dele, o treinador também levou o goleiro Totó, o po­livalente Nelson Prandi, o meia e centroavante Wilson Luiz Bocão e o centroavante laúca, todos do América. Foram cansa­tivos 60 dias de treinos e jogos, a maioria em campos de areia, que mais pareciam deserto.

O time bandeirante conquis­tou o título da Copa Presidente Park Shung Hed, realizada na Coreia do Sul, e vencida pela segunda vez pelos brasileiros. Na decisão, contra os donos da ca­sa, houve empate de 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Em um acordo entre dirigentes, as duas equipes dividiram o títu­lo do torneio. O retorno da dele­gação ao Brasil ocorreu na sexta- feira, 4 de novembro de 1977. Durante os dois meses foram disputados 15 jogos, com 12 vi­tórias e apenas três empates.

Começou na base do Peixe e parou no Nacional

Nascido em 15 de dezembro de 1950, no bairro Ypiranga em São Paulo, Paulinho começou a jogar no infantil do Santos, em 1964. “O Alexandre Bueno (meia que depois jogou no São Paulo e outros clubes), era meu vizinho, já estava no Santos e me convidou para fazer testes”, relembra.  Ficou na base santista até 1969.

Como não teve chances na equipe principal, acabou dispensado pela diretoria do Peixe.  Peregrinou por alguns clubes até chegar ao América no início de 1971.  Depois dos dez anos dedicados ao Rubro, Paulinho teve o privilégio de fazer parte de um timaço do Taubaté, com o centroavante Edmar, que depois jogou no Corínthians, Alfredo Mostarda e outros.  Pendurou a chuteira no Nacional, de São Paulo, em 1984.  Na equipe também estavam os veteranos Edu Bala e Teodoro.  Desde então, ele trabalha na formação de novos talentos, em escolinhas de futebol.  Integra a Associação de Craques, presidida por Basílio, e mantém uma escolinha em Mongaguá, no litoral paulista.  Casado com Maria Isabel, ele é pai de Leandro e Maíra.