América Futebol Clube

Hoje é dia de apagar a velinha e cantar parabéns ao América, fundado em 28 de janeiro de 1946 pelo engenheiro Antônio Pereira Lima e outros 52 esportistas, para acabar com a panca do Bancários, tido como bicho-papão da época. É um clube que orgulha a região pelo seu patrimônio e a rica história, repleta de glórias. Nesta data especial, a coluna homenageia Benedito Teixeira, o maior dirigente do Vermelhinho em todos os tempos. Nascido em Monte Azul Paulista, no dia 24 de julho de 1919, Benedito Teixeira mudou-se para Rio Preto com a família em 1936, quando começou a ser chamado de Birigüi, por Cabaça, um jogador do Palestra da década de 40 que gostava de colocar apelidos em todo mundo.

Foi o primeiro ponta-esquerda da história do América, atuando no jogo de estréia do time (vitória por 3 a 1 contra a Ferroviária). Antes, ele havia recebido uma proposta do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, de 200 mil Réis de luvas e 800 mil Réis de salários mensais. Embarcou para a Guanabara em 17 de agosto de 1942, mas não chegou a jogar na equipe cruzmaltina. Atuou no Fluminense. Assinou contrato em 12 de outubro de 1942 e rescindiu em 28 de janeiro do ano seguinte. Defendeu o Palestra, Rio Preto, Catanduva e Inter de Bebedouro, mas o América foi seu grande amor. Era nítido o brilho em seus olhos quando falava de sua paixão. Reconhecia suas limitações e dizia ter sido um jogador apenas regular, mas jogava com e por amor à camisa. Tamanha dedicação se evidenciava no suor. Parecia exalar sangue só para deixar o manto vermelho. “Eu era escalado porque mandava no time”, brincava.

Vestiu a camisa 11 entre 1946 e 1949. No ano seguinte foi treinador entre maio e junho. Neste período, entre outros jogos, perdeu de 4 a 1 para o Corinthians, em amistoso disputado dia 28 de maio, no Mário Alves Mendonça. Voltou a ocupar o cargo em dezembro do mesmo ano, na goleada de 6 a 2 sobre o Rio Preto. Ganhava a vida como balconista de farmácia. Depois foi representante farmacêutico e comerciante de café. Mas o América vinha sempre em primeiro lugar. Depois de jogar e de treinar a equipe, Birigüi foi diretor de futebol, vice-presidente e assumiu a presidência em 1972. Permaneceu no cargo até 1996, quando passou o bastão para Pedro Batista.

Seu maior orgulho foi inaugurar o Teixeirão

Birigüi é sinônimo de América. Afinal, foram 55 anos dedicados ao clube do coração. O maior orgulho dele foi inaugurar o estádio que leva seu nome e hoje é o maior patrimônio da nação americana. Quando vendia algum jogador, não pensava duas vezes. Injetava quase tudo na construção. Foram 17 anos de obras no terreno cedido pela Prefeitura de Rio Preto. Para ver o sonho concretizado foram investidos US$ 30 milhões. Com o crescimento da cidade e a valorização da área, estima-se que o preço do Teixeirão hoje chegue a R$ 100 milhões. Comparado ao folclórico Vicente Matheus, do Corinthians, ele é, até hoje, um dos dirigentes mais lembrados na história do futebol paulista, principalmente pela simplicidade e eficiência que o caracterizavam. Birigüi conseguiu projetar a cidade no cenário nacional através do Vermelhinho.

Porém, o eterno presidente do Rubro adoeceu em 2000, reflexo do tabagismo. Fumava três maços por dia. Quando começou a ficar debilitado reduziu a cota para 10 cigarros diários. Foram três internações entre maio e janeiro de 2001. O homem mais importante da história do América morreu, aos 82 anos, às 7h45 da manhã do dia 10 de janeiro de 2001, uma quarta-feira, após ficar uma semana internado no Hospital de Base, em razão de problemas pulmonares. Foi sepultado às 9 horas do dia seguinte no Cemitério da Ressurreição ao som das máquinas demolindo o velho Mário Alves Mendonça. O prefeito Edinho Araújo, a Federação Paulista de Futebol (FPF) e o América decretaram luto oficial de três dias. Birigüi deixou uma lacuna que jamais será preenchida. Órfão há seis anos, o clube luta para sobreviver sem seu maior dirigente.

NOSSO BANDEIRA - Na década de 40, até o auxiliar de arbitragem vestia a camisa do América. De pé: Antônio Pereira Lima, Morgero, De Lúcia, Mário Russo, Miguelzinho, Edgard, Bob e o bandeirinha Wilson Pinheiro de Castro; agachados: Vinio, Fordinho, Américo, Grané e Birigüi

 QUE EQUIPE - Uma das formações do América de 1947. A partir da esquerda: Birigüi, Vinio, Madrugada, Nonô, Ford, Sandro, Rudge, Osvaldinho, Ditinho, Alicate e Edgard. Birigüi foi o 1º ponta-esquerda da história do Rubro.

 VISTORIA - Birigüi acompanhava com freqüência as obras no estádio Teixeirão. A foto do início dos anos 80 mostra o eterno presidente americano inspecionando o local junto com Tijo Villanova (presidente em 1957) e o construtor Lino Seixas