América Futebol Clube - São José do Rio Preto

Ao longo da história muitos treinadores fizeram sucesso no América e no Rio Preto. Porém, o único que conseguiu a proeza de ser campeão com os dois clubes da cidade foi Rubens Francisco Minelli. Tricampeão brasileiro entre 1975 e 1977 e privilegiado por trabalhar nas quatro potências do futebol paulista (São Paulo, Santos, Palmeiras e Corinthians), ele levou o Rubro ao título da Primeira Divisão (atual Série A-2) de 1963 e comandou o Jacaré na conquista do Torneio de Seleções (seletivo para o Paulistinha) de 1973. Nascido em São Paulo, no dia 19 de Dezembro de 1928, Minelli começou a jogar futebol na década de 40 como ponta-esquerda do Ypiranga. Depois, atuou no Nacional, de São Paulo, e Palmeiras, onde pendurou a chuteira e iniciou a carreira de treinador, orientando juvenis e aspirantes do Verdão. Em março de 1963, Zaia Tarraf, presidente do América, decidiu trazê-lo para substituir João Avelino no comando do Rubro. Estreou no triunfo de 1 a 0 sobre o XV de Jaú, em jogo amistoso realizado dia 31 de março daquele ano, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto.

Foi o ponto de partida para uma consagrada carreira. Muitos amistosos depois, o América estreou no Paulistinha só no dia 1º de setembro, empatando em 1 a 1 com a Francana, em Franca. No campeonato, abateu uma vítima atrás da outra e na fase final garantiu sua volta ao Paulistão com a vitória de 2 a 1 da Ponte Preta sobre a Portuguesa Santista, em Santos, no dia 22 de abril de 1964. Na última rodada, com o título assegurado, fez uma exibição de gala e goleou o São Bento, de Marília, por 5 a 1. Foi campeão logo no seu “debut” como treinador de um time profissional. Com moral, permaneceu no Vermelhinho até outubro de 1965, dois anos e sete meses após a sua contratação. Retornou no segundo semestre de 1966, depois de ser campeão pernambucano com o Sport, mas na temporada seguinte já estava de volta ao Palmeiras, onde faturou o título do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969. No final de 1972 veio para o Rio Preto, contratado pelo presidente Anísio Haddad. Montou um verdadeiro esquadrão ao ponto de manter uma invencibilidade de 13 partidas em amistosos preparatórios. O Marília quebrou a série invicta do Glorioso ao vencer por 2 a 0, na quarta-feira (23/5/1973).

Vinte dias depois (12/6), o Verdão deu o trocou goleando o MAC por 6 a 0, no Riopretão, com gols de Marquinhos (2), Nei (2), Bita e Dante. Ainda deu tempo de o time massacrar a Francana por 6 a 0 antes de a Federação Paulista de Futebol confirmar a disputa do Torneio de Seleções da Primeira Divisão (seletivo para o Paulistinha, que era a Divisão Especial sem os grandes). Na Série A estavam Saad de São Caetano do Sul, Velo Clube Rioclarense, São José, Nacional e Bragantino. E na B: Rio Preto, Catanduvense, Rio Claro, Francana e Corinthians de Prudente. Pelo regulamento, as equipes se enfrentavam em dois turnos dentro dos grupos e os três melhores por índice técnico iam para o Paulistinha. No primeiro turno, o Jacaré ganhou do Corinthians (3 a 0) e do Rio Claro (1 a 0) e empatou com Catanduvense (1 a 1) e Francana (0 a 0). No segundo, fez 3 a 1 no Catanduvense e 2 a 1 no Rio Claro, perdendo a invencibilidade na penúltima rodada (2 a 0 para o Corinthians, em Prudente). Na última rodada derrotou a Francana (2 a 0), no sábado (18/8/1973), conquistou o título da chave e garantiu o acesso ao Paulistinha.

Tri brasileiro com Inter e São Paulo
Logo depois da brilhante campanha com o Rio Preto, Rubens Minelli foi assediado pela Ponte Preta, que havia perdido o técnico Alfredo Ramos. Porém, o presidente Anísio Haddad não o liberou. No entanto, o cartola não teve como mantê-lo no clube após uma proposta irrecusável feita pelo Inter-RS. Em Porto Alegre, atingiu o auge da carreira ao colocar seu tempero na equipe bem estruturada por Dino Sani, seu antecessor. Com Falcão, Figueroa, Carpegiani e companhia foi bicampeão nacional (1975/76). No ano seguinte trocou o colorado gaúcho pelo São Paulo e colocou a faixa no peito novamente, quando o Tricolor bateu o Atlético-MG nos pênaltis, em pleno Mineirão. É o único treinador da história a ganhar três títulos brasileiros consecutivos.

Ênio Andrade também possui três conquistas, mas alternadas (1979/81 e 85). Eles são superados apenas por Vanderlei Luxemburgo (campeão em 93/94/98/2003 e 2004). Minelli faturou ainda quatro títulos gaúchos em (1974/75 e 1976 pelo Inter, além de 1985 pelo rival Grêmio), três campeonatos paranaenses (1993, 1994 e 1997 pelo Paraná), um campeonato pernambucano 1966 pelo Sport), dois paulistas de acesso (1963 pelo América e 1973 pelo Rio Preto), um título saudita e um da Copa do Golfo (1980 pelo Al Helal). Minelli foi o primeiro treinador do Paraná Clube, em 1990, após a fusão entre Colorado e Pinheiros. Comandou ainda Corinthians, Santos, Portuguesa, Guarani, Ponte Preta, Rio Branco de Americana, Ferroviária de Araraquara, Atlético-MG e Coritiba, seu último clube como treinador, em 1998. Trabalhou no futebol até 2003, quando exerceu o cargo de superintendente do Avaí, de Santa Catarina. Hoje, ao lado da mulher, Rosa, dos filhos (Rubens Júnior, Ricardo e Cecília) e dos quatro netos, Minelli divide seu tempo entre o apartamento em São Paulo e a chácara que possui no município de Valinhos.