América Futebol Clube - São José do Rio Preto

Centroavante valente e rompedor, Cide topava qualquer parada. Não importava o tamanho, a fama ou a cara feia do zagueiro adversário. Corajoso, ele partia para cima, levava botinada, caía, levantava e retribuía a “gentileza” no lance seguinte. Durante sua carreira, defendeu América, Rio Preto, Tanabi e Mirassol, além de outros clubes amadores. O rio-pretense Cide de Alvarenga Campos nasceu no dia 17 de agosto de 1933 e disputou suas primeiras partidas pelo Acre (Associação Clube Recreativo Estudantil), que fazia sucesso na várzea da cidade na década de 1950. José Domingues, diretor do América, notou as qualidades do jovem atacante e o levou para o Rubro. Entre um gol e outro ajudou o Vermelhinho a conquistar o título do Campeonato Amador da cidade, em 1957. Apesar das boas apresentações e de manter a regularidade nos jogos, Cide nunca teve chance de atuar no time principal. Desiludido, decidiu trocar a Vila Santa Cruz pela Vila Redentora e acertou seu ingresso no Rio Preto. Chegou ao Jacaré por indicação do técnico Zezinho Silva e depois foi comandado por João Avelino. Em 1961 foi um dos principais artilheiros do Campeonato Paulista da Segunda Divisão (equivalente hoje à Série A-3).

Casou-se muito jovem com Josefa Mazuchi, aumentando sua responsabilidade e as despesas domésticas. Da união de ambos nasceu Cide Júnior, em 1954. Ele lamenta a diferença estrutural do futebol de hoje para o daquela época. “Apesar de ter contrato profissional eu não recebia salários dos clubes”, diz o ex-jogador. “Ganhava só uma ajuda de custo, que hoje seria um salário mínimo, e alguns bichos por vitórias”, acrescenta. Para sobreviver e sustentar a família, Cide conciliava os treinos e os jogos com o trabalho na construção civil. Ajudei a construir muitos prédios e a realizar várias obras.” Em 1962, deixou o Verdão e foi para o Mirassol. O presidente do Leão da Araraquarense, José Theóphilo Fleury Netto, pagou Cr$ 20 mil pelo seu vínculo. “Como o passe era meu, fiquei com todo o dinheiro”, recorda. “Aliás, foi a única grana que eu ganhei como jogador.” No Mirassol, ele se lembra principalmente dos derbys da cidade, contra o Grec (Grêmio Recreação Esporte e Cultura). “Era uma rivalidade tremenda”, diz. Num deles, no dia 28 de outubro de 1962, pela Segunda Divisão, houve empate de 1 a 1, no estádio Monumento, atual José Maria de Campos Maia. O árbitro Élvio Lofrano marcou um pênalti para o Grec, aos 17 minutos do segundo tempo, provocando a ira da torcida do Mirassol, que invadiu o gramado. Na confusão, o goleiro Devito e o massagista Geraldo Cacareco, o “Fila Bóia”, ambos do Mirassol, foram expulsos. Cide foi para o gol no lugar de Devito e depois acabou substituído pelo goleiro reserva Lolito. Mesmo com um jogador a menos, o Leão chegou ao empate com Zé Mauro. Cide defendeu o Tanabi na Terceira Divisão (atual Série B) em 1964 e parou de jogar profissionalmente em janeiro do ano seguinte. Voltou para a várzea e foi campeão invicto do Amadorzão de 1967 pelo Rio Preto.

Árbitro da Liga e no Mato Grosso
Quando as pernas não aguentavam mais os pontapés dos adversários, Cide Alvarenga decidiu parar de jogar até mesmo nos times amadores. Sempre abnegaco pelo futebol, continuou comparecendo aos campos apenas para assistir aos jogos. Numa dessas idas, por acaso, começou a apitar. “Fui ao clube de campo do Palestra para ver Palestra e Botafogo e o juiz não apareceu”, recorda. “O Celso Marques Caldeira (Diretor de Árbitro da Liga) me chamou para apitar. Encarei o desafio, tive boa atuação e me empolguei”, acrescenta. Fez o curso da Liga e tornou-se um dos melhores árbitros do futebol amador de Rio Preto no início da década de 1970. “Ganhei vários troféus”, destaca. A convite do seu cunhado, o sargento do Exército Sebastião Spínola, foi para Campo Grande (MS), onde integrou o quadro de árbitros da Federação Matogrossense de Desportos (naquela época o Estado ainda nem era dividido em Sul e Norte).

Apitou as finais da Taça Governador José Fragelli, quando a Corumbaense superou o Ubiratan de Dourados, na série melhor de três jogos. Desligou-se do quadro da entidade matogrossense em 15 de dezembro de 1973 e retornou a Rio Preto. Continuou na arbitragem até 1979, quando foi escalado pela Liga Riopretense para a final da Taça da Cidade, vencida pelo Avenida por 5 a 3 nos pênaltis sobre o Botafogo, após empate de 1 a 1 no tempo normal. “Depois só trabalhei como vendedor”, informa Cide, casado há 36 anos com Maria Luiza Garcia, sua segunda esposa. Pai de Cide Júnior, Sônia, Leonel Neto, Daniela e Rafael, ele mora na Vila Elvira, em Rio Preto.