América Futebol Clube - São José do Rio Preto

Chamado carinhosamente de “Pintado” por amigos e companheiros de futebol, Ademir Gomes foi um dos melhores laterais-esquerdos do América em todos os tempos. Habilidoso e com cruzamentos sob medida, ajudou a consagrar artilheiros como Iaúca e Luis Fernando Gaúcho. Foram oito temporadas dedicadas ao clube, durante os “anos dourados” dos times do Interior, que eram respeitados e temidos pelos grandes. Neste período, teve a honra de defender o “Vermelhinho” na Taça de Ouro, equivalente ao Brasileirão dos tempos atuais. Nascido em Rio Preto, no dia 28 de fevereiro de 1957, ele começou a jogar futebol como ponta-esquerda do Grêmio da Boa Vista, time varzeano da cidade que era dirigido por João de Cayres. O ex-jogador americano Bertolino era o treinador do amador do Palestra e o viu em ação, recomendando sua contratação aos dirigentes palestrinos.

Bertolino decidiu adaptá-lo à lateral-esquerda. “Foi a melhor coisa que aconteceu porque na ponta eu levava muito pontapé e brigava com os marcadores”, diz. Aos 17 anos, foi campeão amador e chamou a atenção de Benedito Teixeira, o Birigüi, e Benedicto Ambrózio, comandante do juvenil do América, que o levaram para a Vila Santa Cruz. Junto com Baldini, Beline, Chaim, Cândido e outros, foi campeão do Torneio Integração de 1974, que reuniu São Bento de Sorocaba, XV de Piracicaba, XV de Jaú, Ferroviária, Noroeste e outras potências do Interior. O técnico Vail Mota começou a convocá-lo para ficar na reserva do time principal. “Leva o ‘Pintadinho’ que ele vai me dar lucro”, dizia Birigüi. Estreou na vitória de 3 a 2, de virada, sobre a Portuguesa Santista, no estádio Mário Alves Mendonça. “A partida foi na quarta-feira à noite. Me deu diarréia e dor de cabeça na segunda, quando o Urubatão falou que eu jogaria”, recorda. “Mas foi inesquecível. Marquei o gol de empate, quando perdíamos por 2 a 1.”

Seu primeiro jogo contra uma equipe grande foi na derrota de 2 a 0 para o Corinthians, no Pacaembu, em São Paulo, ainda como atleta juvenil. Na ocasião, o América foi “operado” pelo árbitro Nilson Cardoso Bilha. A partida estava empatada sem gols até aos 32 minutos do segundo tempo, quando o juizão marcou um pênalti para o Timão. Não satisfeito, Bilha mandou voltar duas cobranças de Vaguinho que haviam sido defendidas por Luiz Antônio, o Totó. Na terceira batida, o Corinthians trocou o cobrador e o volante Ruço converteu. Pelo América, disputou quatro edições do Paulistão e foi campeão da Taça de Prata de 1980. No mesmo ano, a equipe foi promovida à Taça de Ouro, equivalente ao Brasileirão. Na sua passagem pelo Rubro precisou conviver com constantes lesões no joelho direito.

Carreira abreviada por lesão no joelho
Ademir Gomes despediu-se do futebol no Bandeirante em 1985, aos 28 anos. “O joelho inchava constantemente”, diz. Formou-se em Educação Física no ano seguinte, mas nunca exerceu atividade na área. Com a ajuda do cunhado Valdir Paladino arrumou um emprego de vendedor na Arapuã, onde trabalhou nove anos. Depois, foi para a Casas Bahia, ficando mais três anos e meio. Há 10 anos, foi aprovado no concurso de agente penitenciário e hoje presta serviços no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto. Casado desde 1982 com a funcionária pública Neidí Luciene, ele é pai de Rodrigo, Guilherme e Natália. Morador da Vila Anchieta, Ademir ainda vai com freqüência aos jogos do América e do Rio Preto.

Defendeu Tanabi, Rio Preto e BEC
As contusões perseguiram Ademir Gomes durante a sua carreira. Em 1977, sofreu uma grave lesão no ligamento cruzado e no menisco do joelho direito. Precisou ser operado, mas o resultado deixou a desejar. Naquela época, a medicina não dispunha de tantos recursos como agora”, justifica. Voltou a jogar depois de exaustivas sessões de fisioterapia e de horas em academias fazendo fortalecimento muscular. Em 1981, o ponta-esquerda Cândido, revelado pelo Rubro, passava por uma má fase no Marília e pediu a contratação de Ademir Gomes. “Com ele aqui (no Marília) vou voltar a brilhar”, dizia Cândido. Emprestado ao MAC, no primeiro coletivo, torceu o joelho operado anteriormente. Retornou ao América onde fez tratamento, se recuperou e voltou a jogar em 1982. Sua última partida pelo Rubro foi na vitória de 2 a 1 sobre o Santos, no dia 7 de novembro de 1982.

Na temporada seguinte, Benedicto Ambrózio assumiu o comando do Tanabi e levou uma legião americana, inclusive Ademir Gomes. Também foram emprestados o zagueiro Mauro, o volante Lacerda e os meias Beto Rocha e Carlos Neves. Por indicação do técnico Wilson Francisco Alves, o Capão, Ademir Gomes foi para o Rio Preto em 1984. “Foi um ano maravilhoso. Tínhamos um time experiente e fizemos boa campanha na Segundona”, recorda. “O América e o Rio Preto são duas paixões minhas. Me sinto feliz em ter contribuído com os dois clubes.” Em 1985, defendeu o Bandeirante de Birigüi, do técnico Jair da Rosa Passos, o Jairzão, ex-zagueiro do América, onde teve a oportunidade de disputar dois jogos ao lado do folclórico centroavante Dadá Maravilha. “Ele foi contratado apenas para dois amistosos.”