América Futebol Clube

Obediente taticamente, com constante ajuda na marcação e facilidade para chegar ao ataque, o meio-campista Amado foi um dos destaques do América, 8º colocado entre os 20 participantes do Paulistão de 1985. Com passes precisos e lançamentos primorosos, ele era uma espécie de motorzinho que fazia a engrenagem funcionar. Quando estava inspirado, dificilmente o time rio-pretense era superado.

Comandado pelo exigente treinador Urubatão Calvo Nunes, o Vermelhinho teve um começo instável naquela temporada. Havia perdido de 3 a 0 para o XV, em Piracicaba, obteve duas vitórias sobre Inter de Limeira (2 a 0) e São Paulo (3 a 2) e apanhou de 4 a 0 do Comercial, em Ribeirão Preto.
A oscilação fez a diretoria correr atrás de reforços. O presidente Benedito Teixeira conhecia Amado, que havia disputado a elite estadual nos dois anos anteriores pelo Taquaritinga, mas tinha se recuperado recentemente de uma cirurgia no joelho esquerdo. “O Taquaritinga caiu pra Segundona”, recorda. “O Urubatão não me conhecia, então, aceitei passar por um período de avaliação”, acrescenta.

Amado começou a treinar na terça-feira, dia 28 de maio, participando da tradicional caminhada na estrada da Matinha. No coletivo de quarta-feira, dia 29, Amado atuou entre os titulares. “Depois de 30 minutos, o Urubatão me tirou do treino e mandou eu ir na secretaria assinar contrato”, revela o ex-jogador.
Estreou no sábado, dia 1º de junho, na vitória de 1 a 0 sobre o São Bento de Sorocaba, no estádio Mário Alves Mendonça, em Rio Preto, gol do ponta-esquerda Mané, aos 41 minutos do segundo tempo. Após a chegada dele, o time do América encaixou e manteve uma invencibilidade de 11 jogos, com apenas dois gols sofridos. A série invicta foi quebrada com a derrota de 2 a 1 para o Juventus, no domingo, dia 4 de agosto, em pleno Mário Alves Mendonça.

Marcou o seu primeiro gol pelo Rubro no 19º jogo com a camisa vermelhinha, no empate de 2 a 2 com o Rio Preto, dia 7 de setembro, no Derby da Independência, com 12 mil pessoas no estádio americano. Voltou a deixar a sua marca na partida seguinte, na vitória de 1 a 0 sobre o Marília, pelo Paulistão, no dia 11 de setembro. Fez mais dois de pênalti, nos triunfos sobre Noroeste (2 a 0) e XV de Jaú (2 a 1), ambos fora de casa. Também balançou a rede no 1 a 0 diante do Paulista e na penúltima rodada, no 1 a 1 com a Portuguesa. Amado participou de 35 jogos pelo América - depois que chegou não ficou fora de nenhuma rodada. Com ele em campo, foram 11 vitórias, 15 empates, nove derrotas e seis gols marcados. A equipe fez 27 gols e sofreu 30.

Após brilhar no América por empréstimo, o meia-direita Amado foi comprado pelo usineiro Jorge Ismael de Biasi para disputar o Paulistão de 1986 com o recém-promovido Novorizontino. “Meu passe estava estipulado em Cr$ 100 milhões. O América tinha interesse na minha contratação em definitivo, mas quis parcelar o valor e o Taquaritinga (dono do passe) não aceitou”, informa. “Aí, o Novorizontino inflacionou o mercado e pagou Cr$ 120 milhões à vista.”
Amado pegou a época áurea do Tigre, que ficou em 11º lugar no Paulistão de 1986. Com boas atuações naquela temporada pelo Novorizontino, acabou convocado pelo técnico Candinho para defender a seleção paulista de novos em uma excursão pela Ásia e pelo Oriente Médio. Nos anos seguintes, a equipe da região ficou em 17º no estadual de 1987, 19º em 1988 e 12º entre os 22 participantes de 1989. Neste período, atuou com grandes jogadores, como os zagueiros Márcio Santos, Gilson Jader e Orlando Fumaça, o lateral-esquerdo Cláudio Mineiro, entre outros.

Nascido no dia 17 de outubro de 1957, em Pedro Afonso, no Tocantins, Amado Gomes Bucar começou a carreira no time amador chamado Balneário, de Goiânia. “Disputei um amistoso pela seleção amadora de Goiânia contra o juvenil do Goiás. Ganhamos de 1 a 0, gol meu, e fui contratado pelo Goiás.” Após duas temporadas, em 1978, foi promovido ao profissional pelo técnico Milton Buzzetto. Dois anos depois, ele e o centroavante Humberto Caçapava foram para o Goiânia em troca do centroavante Eber. Acabou emprestado ao Taquaritinga em 1981 para disputar a Terceirona (atual A-3). “Subimos de divisão”, recorda.

Voltou ao Goiânia, foi vice-artilheiro do estadual, com 14 gols, três a menos que Tatau, do Atlético-GO, e em 1983 retornou ao Taquaritinga, promovido ao Paulistão. “Estava negociado com o Santos, mas machuquei o joelho esquerdo na partida contra a Inter, em Limeira”, afirma. Recuperou-se, defendeu América e Novorizontino e parou de jogar em 1990. 

Montou uma distribuidora de doces em Brasília e foi convidado para jogar pela seleção master de Goiás contra a Seleção Brasileira Master. “Empatamos 1 a 1, eu fiz o gol e recebi proposta da Jataiense.” Ainda subiu o Crac de Catalão da 2ª para a 1ª divisão e jogou no Imperatriz-MA, onde pendurou a chuteira em 1994. Trabalhou como treinador no Goiás, subiu o Itumbiara para a elite goiana e há 12 anos mora em Dublin, na Califórnia, onde é treinador de futebol feminino. Pai de Amanda e Guilherme, frutos do seu 1º casamento, e de Virginia, Amado é casado com Adma.