América Futebol Clube

O habilidoso meia-esquerda Bazaninho, que se destacou no São Paulo e subiu para o Paulistão com São Bento de Sorocaba e América de Rio Preto, morreu no dia 23 de junho, vítima de infecção. De acordo com seu filho Júnior, ele sofreu uma cirurgia no fêmur e nos 20 dias antecedentes à sua morte, não conseguia se alimentar. O quadro de saúde agravou-se com a paralisação dos rins, seguida de uma pneumonia. Debilitado, não resistiu. Com traje de diácono da Igreja Magnus, foi enterrado no cemitério Jardim Pax, em Sorocaba.

Irmão mais novo de Bazani, o Rabi, maior ídolo da história da Ferroviária, e de Nadyr Bazani, ex-jogadora da seleção brasileira de basquete, Oliver Roberto Bazani, o Bazaninho, nasceu em Mirassol, no dia 30 de julho de 1941, e iniciou a carreira na equipe do Juvenil do Matinê. Também defendeu o Mirassol e o Grec (Grêmio Recreação, Esporte e Cultura).

Disputou o Amadorzão do Estado pelo time de Bálsamo até ser descoberto por Olavo Fleury e seu filho José Teóphilo Fleury Neto, torcedores fanáticos do São Paulo, que o indicaram à diretoria do Tricolor. No dia 16 de agosto de 1959, a equipe são-paulina veio enfrentar o América, em Rio Preto (vitória por 2 a 0, pelo Paulistão). O diretor Raimundo Paes de Almeida e o técnico Vicente Feola aproveitaram para observar o promissor meio-campista, de 18 anos, que jogava pelo Mirassol.

Olivério Bazani, pai de Bazaninho, ganhava 80 Cruzeiros por mês como sapateiro e embolsou 12 mil Cruzeiros de dirigentes são-paulinos para concordar em liberá-lo. Chegando na Capital, o jogador foi recebido por Remo, técnico dos aspirantes do São Paulo. Após os primeiros treinos, Remo percebeu o potencial do novato e disse para ele ficar à vontade, se soltar e fazer o que sabia. Estreou na vitória de 3 a 1 sobre o Corinthians pelo Paulista de Aspirantes de 1959. A linha ofensiva contava com Juraci Perobinha (outra revelação de Mirassol), Salvador, Olímpio, Bazaninho e Paulo.

No ano seguinte, ele e o ponta-direita Peixinho se destacavam pelos aspirantes e foram convocados para integrar o time principal durante uma excursão ao México. O São Paulo foi campeão do torneio pentagonal que inaugurou o estádio Jalisco, de Guadalajara. Atlas, Oro, Guadalajara e o argentino San Lorenzo também participaram da competição.

Campeão em 1962 com o São Bento e assediado pelo Milan

Com poucas oportunidades na equipe principal do São Paulo, Bazaninho acabou emprestado para o Batatais, uma das forças do Interior na época. Em 1962, a direção são-paulina voltou a emprestá-lo, desta feita, para o São Bento. Ele integrou uma das melhores formações da equipe sorocabana em todos os tempos.

A equipe beneditina conquistou o título da Primeira Divisão (atual A-2) e subiu para o Paulistão, após três duelos épicos na decisão contra o América, com três empates (0 a 0 em Sorocaba, 1 a 1 em Rio Preto e também no Pacaembu). O São Bento foi campeão ao ganhar por 1 a 0 na prorrogação do jogo extra, no dia 22 de fevereiro de 1963.

Retornou ao São Paulo com moral e arrebentou numa excursão à Europa, a ponto de o Milan querer comprá-lo e abrir negociação, oferecendo 150 milhões de Cruzeiros ao clube do Morumbi e 40 milhões de Cruzeiros ao armador. Porém, Laudo Natel, presidente do Tricolor, pediu uma quantia muito acima e depois teria justificado que não arrumaria outra meia como Bazaninho.

Bronqueado, Bazaninho recebeu um agrado dos cartolas tricolores, ao renovar seu contrato. Ganhou um carro volkswagem zero quilômetro de luvas e salários mensais de 1 milhão de Cruzeiros. Depois do negócio emperrado, o meia dizia que o técnico José Poy passou a persegui-lo. Mas a verdade é que a frustrada transação com os italianos desanimou o jogador, que teve uma queda de rendimento e perdeu a vaga entre os titulares.

Desiludido, o talentoso meio-campista entrou em depressão. Pouco tempo depois, o Grêmio de Porto Alegre mostrou interesse na sua contratação, mas novamente não houve acordo financeiro entre os clubes.

Levou o América à elite em 1971

Em 1965, o São Bento pagou 20 milhões de Cruzeiros e deu o passe do ponta-esquerda Paraná ao São Paulo para ficar em definitivo com Bazaninho, que permaneceu na equipe sorocabana até 1970 e tornou-se ídolo da torcida. No ano seguinte, ficou apenas três meses na Ponte Preta e o mesmo período no Paulista de Jundiaí. Contratado pelo América no segundo semestre de 1971, ajudou a equipe rio-pretense a subir do Paulistinha para o Paulistão, sob o comando do técnico Vail Mota.

A classificação final do torneio de acesso teve o Juventus como campeão, com 13 pontos perdidos, seguido por Ferroviária com 14, América 18, São Bento 19, Guarani 20 e XV de Piracicaba 22, todos promovidos para o Paulistão. Comercial com 23, Botafogo 24, Portuguesa Santista e Paulista 26, Marília 27 e Noroeste 33, morreram na praia.

Em 1972, acertou com o XV de Piracicaba, porém ficou quatro meses sem receber e deixou o clube. Depois, transferiu-se para o Vila Nova-GO, onde pendurou a chuteira. Formado em químico metalográfico (estudo básico do alumínio), trabalhou na Companhia Brasileira de Alumínio, do Grupo Votorantim, mas passou a beber demais. O alcoolismo quase o derrubou. Superou o vício com a ajuda de amigos e arrumou novo emprego.

Pouco tempo depois, a saudade da bola falou mais alto. A convite da diretoria do Mirassol disputou alguns jogos pelo Leão da Araraquarense em 1979. Aos 38 anos, não tinha mais a mesma mobilidade de outrora, então, decidiu parar definitivamente.
Foi vendedor e gerente de loja. Viveu os últimos anos em Sorocaba. Bazaninho deixou viúva Renata Gazeta, e os filhos Diego e Rodrigo, de 21 e 24 anos, respectivamente, além de Júnior, Jeferson, Laurinha, Simone e Lelo, frutos do primeiro casamento.