América Futebol Clube

Frio, persistente e otimista, o lateral esquerdo Babá acreditava em todas as jogadas. Inspirado em Júnior, do Flamengo, e Wladimir, do Corinthians, ele gostava de apoiar ao ataque e, de vez em quan­do, deixava sua marca nas redes adversárias. Começou como pon­ta-esquerda no meio da molecada do Grêmio da Boa Vista, passou pelas categorias de base do Pales­tra, foi para o América e depois ro­dou por Tanabi, Fernandópolis, Mirassol e Jalesense.

Rio-pretense, Carlos Alberto Pedro nasceu no dia 24 de junho de 1962 e ganhou o apelido do pró­prio pai, seu Jorge, um são-paulino fanático e fã de Babá, goleador do Tricolor na década de 1960. "Quando as pessoas perguntavam o meu nome, ele se antecipava e respondia: ‘Babá’ '', recorda.

Começou a jogar no Grêmio da Boa Vista, comandado por João de Cayres. "Me lembro que o Mirandinha (revelado no Greminho e que estava no Co­rinthians) deu um jogo de cami­sa para o time." Em 1974, Babá havia perdido o pai e José Militão de Souza Neto e Bolívar o levaram para o Palestra, onde foi deslocado para a lateral e conquistou muitos títulos. Em 1978, Militão acertou com o América e levou 17 jogadores palestrinos. "Como eu era muito franzino, ele me deixou", diz.

Sem desanimar, Babá se pro­pôs a fazer um teste no time da Vila Santa Cruz. Aprovado pelo diretor Pedro Favarini, passou a integrar o juvenil. Em abril de 1981, o São Paulo estava investin­do na contratação de jovens talen­tos. Passou a garimpá-los no Inte­rior e em várias regiões do País. Babá foi assediado e ficou seis me­ses no sub - 20 do Tricolor.  O joga­dor conta que Antonio Lemes Nunes Gaivão, mandatário são­paulino, chegou a oferecer Cr$ 1 milhão pelo seu passe, mas o presidente Benedito Teixeira, o Biri­gui, e o vice Valdir Custódio Lei­te recusaram a oferta. O clube do Morumbi, então, contratou Nel­sinho, que depois foi titular do ti­me principal por muito tempo. Mesmo desiludido, Babá não perdeu o foco e teve atuações des­tacadas nos juniores do Améri­ca. "Em 1982, fomos derrotados na final do Paulista do Interior pela Ponte Preta por 1 a 0, gol do ponta-esquerda Mauro (que de­pois jogou no Corinthians)", in­forma. "Marquei quatro gols na­quele campeonato."

A base do time foi promovi­da para o profissional. Uma das primeiras partidas dele na equi­pe profissional foi na derrota de 3 a 0 para o Corinthians, no Ca­nindé, em São Paulo, no dia 6 de julho de 1983, pelo Paulistão.  O América era dirigido pelo trei­nador Ernesto Guedes.  Como Daniel, vindo de Orlândia, começou a se destacar na lateral esquerda, a diretoria deci­diu emprestá-lo ao Tanabi, inte­grante da Segunda Divisão (atual A-2) de 1984. Retornou ao Rubro na temporada seguinte e teve gran­des atuações, como nas vitórias de 3 a 2 sobre o São Paulo, dia 19 de maio, e de 1 a 0 contra o Palmeiras, no dia 5 de outubro, ambas no estádio Mário Alves Mendonça, pelo Paulistão. Daniel voltou de em­préstimo ao São Paulo e reinou no­vamente na posição. Então, em 1986, Babá acabou cedido ao Fernandópolis, que disputava a Se­gundona.

Reintegrou o América no ano seguinte e ainda mantém vivo em sua memória o gol que marcou diante do Corínthians no Pacaembu, em 25 de junho, um dia depois de completar 25 anos. "Perdíamos de 1 a 0 e empatei o jogo", infor­ma.  Mas naquela noite não tinha para ninguém. O centroavante Ed­mar estava endiabrado e fez os três gols no triunfo do Timão por 3 a 1.

Superintende de banco 

No Rubro, Babá foi campeão do Torneio José Maria Marin (uma espécie de Copa Paulista de hoje). Na final, o Vermelhinho apli­cou impiedosos 5 a 2 no São Bento de Sorocaba, no dia 8 de dezembro de 1987, no Mário Alves Mendon­ça. Em 1988, ele recebeu convite do diretor Júnior Antunes para de­fender o Mirassol na Divisão Intermediária (atual A-2).  Estreou no dia 3 de abril, na derrota de 2 a 1 pa­ra o Marília, no estádio José Maria de Campos Maia, em Mirassol. Permaneceu duas temporadas no Leão da Araraquarense. No segun­do semestre de 1989, trocou o Mirassol pelo Jalesense. Ficou na equipe de Jales até julho de 1990, quando deci­diu pendurar a chuteira, aos 28 anos de idade.  "Adoeci.  Fiquei uma sema­na internado e quando voltei a trei­nar estava na reserva, então, desani­mei", conta.  "Tive propostas do Foz do Iguaçu, do Maringá e do Comer­cial de Ribeirão Preto, mas não fui." Dois meses depois foi contratado pelo Bradesco. "Entrei no banco para reforçar o time da agência por causa da rivalidade no campeonato dos ban­cários, mas estou lá até hoje." Há dois anos, ele é superintendente da ma­triz, em São Paulo. Desde 2005, Babá mora na Vila São Francisco, zona oes­te da Capital, com a mulher Ana Cláudia e as filhas Bárbara e Marcela.