América Futebol Clube

Um dos maiores meio-campis­tas da gloriosa história do América foi o catarinense Rotta, que defen­deu o clube em três temporadas (entre 1980 e 1982). Velhos tempos em que o Rubro fazia os grandes tremer no caldeirão chamado Má­rio Alves Mendonça. De seus pés saíam lançamentos milimétricos para os pontas Marinho, Rômulo, Mazola, Cândido, Paulo Martins e outros. Exímio cobrador de faltas e de pênaltis, ele marcou dezenas de gols pela equipe rio-pretense. 

O presidente Benedito Teixei­ra, o Birigui, precisava de um meia-direita para substituir Cléo, ídolo da torcida e que havia retornado ao Inter-RS, dono de seu passe, após empréstimo de um ano. O car­tola descobriu Rotta no Atlético-PR e, depois de árdua negociação, conseguiu trazê-lo. A transação foi concluída na sexta-feira, 21 de de­zembro de 1979. O América pagou Cr$ 1,2 milhão, sendo Cr$ 500 mil à vista e Cr$ 700 mil parcelados. 

Por mais Cr$ 300 mil, Birigui trouxe ainda o volante Gerson An­dreotti, também do Furacão e que já havia defendido o Vermelhi­nho por empréstimo na tempora­da anterior. Rotta veio a Rio Preto na quinta-feira, 27 de dezembro de 1979, assinou contrato e voltou a Curitiba para curtir suas férias.

Apresentou-se no janeiro se­guinte e estreou na vitória de 1 a 0 contra o Itumbiara-GO, fora de ca­sa, em jogo amistoso realizado dia 3 de fevereiro de 1980. Uma sema­na depois foi o destaque do time na vitória de 3 a 1 sobre o Fernandópolis, também em amis­toso. Fez um gol e deu passe para o centroavante Luís Fernando Gaú­cho marcar outro. Seu primeiro jo­go oficial foi no triunfo de 3 a 1 diante do Operário de Paranaguá-PR, dia 24 de fevereiro, na primei­ra rodada do Brasileiro da Taça de Prata (atual Série B). Rotta abriu o placar em cobrança de pênalti.

O talentoso meio-campista marcava e armava com a mesrna efi­ciência - ajudou o América a ser promovido para a Taça de Ouro (atual Brasileirão). Tudo ia bem até que em maio de 1980, no início do Paulistão, Rotta sofreu uma fratura na perna direita que o tirou de com­bate por oito meses. "Foi no jogo contra o Juventus, na rua Javari. O gramado estava escorregadio. Fui chutar abola e o Bizi^. (lateral juven­tino) chegou de carrinho", recorda.

Depois de exaustivo trata­mento, voltou com a mesma ra­ça e capacidade técnica de an­tes. "Devo muito ao fisiotera­peuta Ademir Rodrigues, que me ajudou bastante naquela re­cuperação", agradece Rotta.

Ele permaneceu na Vila Santa Cruz até dezembro de 1982. Suas últimas partidas com a camisa do Vermelhinho foram nos empates com o Palmeiras (1 a 1) e Comer­cial (0 a 0), quando sofreu urna con­tusão e foi substituído pelo gaúcho Toninho. Ficou fora por duas ro­dadas e retomou na derrota para o São Bento (1 a 0), em Sorocaba. A despedida foi no empate sem gols com a Portuguesa, no Canindé.

Após três anos no clube, Rotta quis mudar de ares. Tinha pro­posta do Maringá, que também queria levar o zagueiro Jorge Li­ma. Porém, o América o vendeu ao Santo André por Cr$ 5 mi­lhões em cinco parcelas mensais de Cr$ 1 milhão. A diretoria an­dreense se responsabilizou pelos 15% do jogador (Cr$ 750 mil).

Idolo no Furacão e no Santo André

Nascido em Concórdia-SC, no dia 15/10/1952, Geime Luiz Rotta começou a carreira no Iguaçu, de União da Vitória-PR, em 1971. "Servi o Exército em Porto União-SC, divisa com o Paraná e fiquei sabendo que o Iguaçu estava avaliando jogado­res".  "Fui aprovado no teste e fiz parte do primeiro ti­me de futebol da cidade”. O no­me insólito, segundo ele, foi um erro do cartorário que o regis­trou. "Era para ser Jaime", diz.

Após boas apresentações, foi para o Atlético-PR, no final de 1974. Porém, não caiu nas graças do técnico Waldemar Carabina e voltou ao Iguaçu. Retornou ao Furacão em 1976. Desta vez, se encaixou como uma luva no es­quema do técnico Geraldino. "O Rotta é muito lembrado no Atlé­tico-PR pelo caráter e hombrida­de. Ele jogava por amor à camisa e realmente merece um lugar de destaque na galeria do clube", diz o professor Heriberto Macha­do, historiador do Furacão.

Na final do estadual de 1978, após três empates sem gols com o Coritiba, a decisão foi para os pênaltis. Os pontas Lula e Pauli­nho Carioca desperdiçaram suas cobranças diante do experiente goleiro Manga.  Só Rotta conver­teu e o Furacão perdeu de 4 a 1.

Rotta também foi ídolo no Santo André, entre 1983 e 1988, com uma saída por empréstimo para o Goiás. Pendurou a chutei­ra no Mauaense, mas ainda jogou na Seleção de Master em 1997. Co­mo treinador, foi campeão invic­to da Copa São Paulo de Juniores e da Copa Paulista, ambas em 2003, pelo Santo André.  Ficou 23 jogos invicto pelo time & ABC.  Em 2009 subiu com o Rio Branco de Americana para o Paulistão.