América Futebol Clube

Com 1,86 metros de estatura, o zagueiro João Roberto Vicentini impunha respeito aos adversários. Era preciso muita habilidade, velocidade e coragem para encarar aquele becão seguro, que jogava fir­me, mas sempre na lealdade. O xerifão começou a carreira no juvenil do Jalesense, passou pelas cate­gorias de base e profissional do América, e depois rodou por Mirassol, Tanabi, Santa Fé e Jalesense.

Nascido em Rio Preto, no dia 20 de junho de 1966, João Roberto mudou-se ainda na infância para Ja­les. Aprovado em uma peneira, pas­sou a defender o juvenil da Jalesen­se. Participou dos Jogos Regionais de Matão, em 1983, e chamou a atenção de Pedro Favarini e de Rubinho, diretor e treinador do sub-20 do América, respectivamente.

O cartola ofereceu à Jalesen­se o empréstimo do zagueiro Car­doso e de outros jogadores, além da renda de um amistoso do Amé­rica em Jales em troca do passe de João Roberto. A proposta foi aceita e o xerifão chegou à Vila Santa Cruz em setembro de 1983.

Treinava e concentrava com o profissional, comandado pelo trei­nador Silvio Acácio. Permaneceu no América até o início de 1985, quando teve dificuldade de adap­tação ao trabalho do técnico Anto­nio Pedro, do sub-20, e decidiu tentar a sorte em outro clube. Po­rém, em razão da lei do passe, não conseguiu dispensa. "O técnico Jo­sé Roberto de Oliveira queria me levar para o Marília", recorda. En­tão, arrumou emprego no Banco Mercantil de São Paulo em Jales.

Em 1986, retornou ao Amé­rica e ajudou o sub-20 a conquis­tar uma vaga na Copa São Paulo de Juniores. "Também disputa­mos a fase final do Paulista de Juniores com Corinthians, Fer­roviária e Ponte Preta."

Na temporada seguinte foi em­prestado ao Mirassol, junto com o meia Vágner Palamin e o atacante Carpegiani. Ajudou o Leão da Araraquarense a subir da Segundona (atual Série A-3) para a Divisão In­termediária (A-2 de hoje) ao con­quistar o título do Grupo C. Como havia se destacado no Leão, João Roberto voltou de empréstimo e foi reintegrado ao América.

Pendurou a chuteira no Jalesense

Ao retornar de empréstimo do Mirassol, João Roberto passou a ter mais chances no América, com o técnico Benedicto Ambrózio e depois com José Car­los Picini, o Zecão, ex-goleiro da Portuguesa. "A passagem pelo Mirassol foi importante. Aprendi muito com o Carlos Roberto sobre posicionamento e cobertura", informa. "Depois, o Carlos que­ria me levar para o Sãocarlense e o América não liberou. Até o Pal­meiras fez uma sondagem, mas o negócio não evoluiu."

Ambrózio assumiu interina­mente no lugar do demitido Wanderley Paiva e lançou João Roberto no América na vitória de 4 a 1 sobre o Botafogo de Ri­beirão Preto. Teve atuações des­tacadas nos dois derbys amisto­sos contra o Rio Preto, dias 21 e 28 de abril, em comemoração aos 69 anos do Jacaré e aos 20 anos da inauguração do Riopretão. No primeiro duelo houve empate sem gols, com 3.400 torcedores no estádio Anísio Haddad.  Uma semana depois, perante 1.600 torcedores no Mário Alves Men­donça, o Rubro goleou por 4 a 1.

João Roberto também aju­dou o Vermelhinho a chegar à semifinal do Torneio Eduardo José Farah (atual Copa Paulista). No início de 1989, foi emprestado ao Tanabi, mas ficou pouco tempo. De volta ao América ganhou espa­ço com a chegada do técnico Ne­lsinho Baptista e do preparador fí­sico Vadão Alvarez. No entanto, a equipe acabou eliminada na pri­meira fase do "Módulo Amarelo" do Brasileiro (atual Série C).

Em 1990, João Roberto foi em­prestado ao Santa Fé. Depois, des­vinculou-se do América e defen­deu o Jalesense entre 1991 e 1993, quando decidiu pendurar a chutei­ra precocemente, aos 27 anos.

Gerente adjunto do SESC de Prudente

Pensando no futuro, João Ro­berto conciliava o futebol com os estudos. Assim, concluiu o curso de economia na faculdade Dom Pedro, em Rio Preto, em 1987. Depois, fez educação física na Funec de Santa Fé do Sul. "Em 1993, eu tinha propostas do Operário de Ponta Grossa-PR e do Mixto-MT, mas decidi sair do futebol e enca­rar o mercado de trabalho", diz.

Mesmo com um bom currículo debaixo do braço encontrou dificul­dades para se encaixar. Até conse­guir um estágio na área de educação física na Telesp de Votuporanga. Pa­ralelamente, passou no processo seletivo do Sesc e iniciou uma carrei­ra fora do futebol. "É bom que a ga­rotada saiba disto. Se não for bem e não conseguir uma sólida carreira no fu­tebol, é fundamental despertar para a formação educacional', orienta.

Deixou o estágio e ficou só no Sesc, permanecendo 11 anos na uni­dade rio-pretense.  Trabalhou mais um ano em Campinas e há sete está no Sesc Thermas de Presidente Prudente, hoje como gerente adjun­to. Casado com Priscila, ele não tem filhos e mora naquela cidade.