América Futebol Clube

Zagueiro vigoroso na marca­ção, com boa impulsão e um sen­so de cobertura fantástico, John Paul Candolo dedicou cinco anos de sua carreira futebolísti­ca ao América. Também jogou no Botafogo de Ribeirão Preto, América-MG e no Ceub, de Bra­sília. Sem perspectivas de che­gar a um grande clube decidiu pendurar a chuteira precocemen­te, aos 29 anos, após a Taça Bra­sil (atual Brasileirão) de 1975.

Descendente de italianos, o nome foi uma homenagem prestada por seu pai, o mecâni­co José, aos irmãos dele, João e Paulo, que já tinham faleci­do. "Como já tinha um João Paulo na família, meu pai pre­feriu internacionalizar e colo­car John Paul", informa.

Nascido em Uchoa, no dia 24 de maio de 1946, ele começou a jogar na equipe amadora de sua cidade. "Fomos tricampeões re­gionais pela Liga de Catanduva, entre 1963 e 1965", destaca o ex-zagueiro. No início de 1966 foi para o Rio de Janeiro e durante oito meses fez cursinho preparatório para faculdade de medicina. "Voltei para Uchoa, desani­mei com medicina e me interes­sei pelo curso de direito", relata.

Na Faculdade de Direito Rio-pretense (antiga Fadir) conheceu Homero Colombini, es­tudante da primeira turma e que era diretor do América.  "Eu era da segunda turma."  Co­lombini o viu jogando entre os estudantes e o convidou para fa­zer um teste no Vermelhinho.

Depois de um período de ex­periência, foi aprovado pelo técni­co Wilson Francisco Alves, o Capão. Mesmo sem contrato, es­treou na vitória de 1 a 0 sobre o XV de Piracicaba, no estádio Má­rio Alves Mendonça, em Rio Pre­to, no amistoso realizado no dia 21 de agosto de 1968. Quatro dias depois, as duas equipes voltaram a se enfrentar, desta vez em Pira­cicaba, com triunfo quinzista por 3 a 2. O curioso é quem nem os seus companheiros de América sabiam o seu nome. Tanto que na escalação saiu Uchoa, numa referência à sua cidade natal.

No dia 23 de setembro de 1968, ele assinou contrato com validade de um ano para ganhar NCr$ 350 por mês.  Com o passar dos jogos, John Paul começou a se destacar. Foi cobiçado pelo Palmeiras. Em março de 1972, o diretor Domingos Ianacone, o Minguinho, veio a Rio Preto e conversou com John Paul, que estava nos planos do técnico pal­meirense Oswaldo Brandão. O clube do Parque Antártica ofere­ceu em troca o zagueiro Alfredo Mostarda, que já havia defendi­do o Rubro por empréstimo no ano anterior. A negociação, en­tretanto, não evoluiu e o becão continuou no América.

Integrou o “time de universitários” do Botafogo de Ribeirão Preto

Pensando no futuro, John Paul procurou conciliar jogos e treinos com as aulas e provas na faculdade de direito. O esfor­ço foi recompensado com o diploma, em 1972, quando estava no auge. "Sou da segunda turma de formandos da Fadir", re­força. Um ano depois de recu­sar a proposta do Palmeiras, a diretoria do América decidiu vendê-lo ao Botafogo. Chegou ao clube de Ribeirão Preto por indicação do técnico Vail Mota, que estava na Pantera e ha­via trabalhado no Rubro. Permaneceu um ano e meio no Botafogo. Neste perío­do, teve o privilégio de jogar com Sócrates, que estava come­çando a carreira, Manoel, ex-América, João Carlos Motoca, entre outros. "Na época, a Re­vista Placar publicou uma ma­téria com o "time dos universi­tários", recorda. "Eu e o Afrânio Riul éramos formados em direito, o Sócrates fazia medicina, o Cunha era químico.  Ne­nê Guanxuma, Motoca, Júlio Amaral e o Jorge tinham feito educação física", enumera.

Negociou sua saída do Bota­fogo no início de 1975, em tro­ca de alguns salários atrasados, e foi para o América-MG. Lá es­tavam o centroavante Iaúca, o lateral Geraldo Galvão e outros ex-companheiros do América de Rio Preto. "Disputei só amis­tosos durante dois meses. Nem assinei contrato e fui embora."

Parou no CEUB e mora em Uchoa

Depois da curta passa­gem pelo América-MG, Jo­hn Paul recebeu e aceitou o convite do treinador João Avelino, o popular 71, para defender o Ceub, de Brasí­lia. Bem estruturado na época, o clube candango dispu­tava o Brasileirão. Na equi­pe estavam Fio Maravilha, ídolo da torcida do Flamen­go, o polêmico meia Afonsi­nho, Xisté, ex-América de Rio Preto, entre outros.

O Ceub era treinado por Marinho, pai adotivo de Paulo César Caju, tricampeão mundial com a Seleção Brasileira, em 1970.  Estreou na derrota de 2 a 1 para o Goiânia, fora de casa, no dia 24 de agosto. No geral foram 16 jogos, com quatro vitórias, seis empates e seis derrotas, in­cluindo alguns bons resulta­dos como triunfo sobre o Vitó­ria (1 a 0) e empates com San­tos (2 a 2) e Grêmio (0 a 0).

John Paul retornou para a região, treinou no Rio Preto, mas resolveu encerrar a carreira.  Aprovado no exame da OAB exerceu advocacia durante dois anos. Desistiu da profissão, abriu uma gran­ja e depois comprou um pos­to de combustíveis.

Não levou os negócios adiante até que em 1987 mon­tou a Transportadora Tuca­no. "Transportamos bagaço de cana", informa John Paul, que mora em Uchoa com a mulher, a pianista Margari­da Turano. O filho Pedro Henrique é arquiteto em For­taleza e a filha, a tradutora Maria Clara, reside em Bangcoc, na Tailândia. Ele é avô de Luísa, filha de Pedro.