América Futebol Clube

João Vigna Neto começou a carreira de centroavante como Joaozinho no juvenil do Palmei­ras e com as andanças pelo mundo da bola ganhou o apelido de Leivi­nha, numa referência ao ídolo do time de Parque Antártica do final da década de 1960 e início dos anos 1970. "Quando eu vim para o América fiz três gols de cabeça num jogo contra a Ferroviária e o Ambrózio começou a me chamar de Leivinha", recorda. "O forte do Leivinha do Palmeiras também era a bola aérea", acrescenta.

Nascido no dia 5 de março de 1950, em Rinópolis, a 185 quilô­metros de Rio Preto, Joãozinho mudou-se com os pais para São Paulo quando tinha dez anos de idade. "Meu pai (Silvio) arrumou um emprego de ferramenteiro na empresa de máquinas de costura Leonam", informa.  Ele passou a jogar no juvenil do Juventus, da Vila Miriam. "Do lado da fábrica da Leonam, morava o Dudu (vo­lante palestrino) e o Zé Guarda, amigo do meu pai, me indicou pa­ra treinar no Palmeiras”, diz.

Passou a integrar o juvenil pal­meirense, comandado pelo técnico Vicente Arenari. Na equipe princi­pal estavam Cabralzinho, China, Moreno, entre outros. No início de 1970, o lateral direito Djalma San­tos, bicampeão mundial com a Sele­ção Brasileira (1958/62) tomou-se treinador e assumiu o comando do Atlético-PR. Como jogou muitos anos no Verdão, foi ao Palestra Itá­lia em busca de reforços. Levou Joãozinho e mais quatro jogadores. Porém, o goleador ficou três meses e só jogou contra Cianorte e Parana­vaí. "O centroavante titular era o Si­cupira, ídolo da torcida. Como eu não jogava, decidi deixar o clube."

Ao retomar para o Palmeiras, Vicente Arenari tinha acertado com o Nacional da Capital.  O Pal­meiras fez uma parceria com o Naça e cedeu dez jogadores para a disputa do Paulistinha (A-2 de hoje), entre eles o experiente Ser­vílio, Osvaldo (da Ferroviária) e Joãozinho. Num certo dia, o América foi jogar contra o Pal­meiras pelo Paulistão e faltou energia elétrica no Palestra Itália.

O jogo foi transferido para o estádio Nicolau Alayon. Na pre­liminar, Joãozinho fez quatro gols na vitória do Nacional por 5 a 0 sobre o São José. O diretor americano Benedito Teixeira, o Birigui, se encantou e o trouxe por empréstimo para o América.

Campeão amador do Estado

Chegando ao América, Joãozinho foi campeão regional pelo time amador e teve algumas oportunidades entre os profissio­nais, sob a batuta dos treinado­res Vail Mota, Urubatão e Dicão. Seu grande feito foi integrar a equipe aspirante na conquista da Copa LS de Futebol Amador, o Amadorzão do Estado, promovi­do em 1972 pelo jornal "A Gaze­ta Esportiva" e patrocinado pela Brincicmann do Brasil. Elimina­tório, o torneio reuniu 60 agre­miações de todo o estado. O segun­do turno do Paulistão não come­çava e alguns profissionais do Rubro reforçaram os aspirantes. Depois de muitos confron­tos, todos fora de casa, na semifi­nal o América ganhou de 1 a 0 do Ressaca do Tatuapé, no Parque São Jorge, em São Paulo, gol de Geraldo no final da partida. Na outra semifinal, o Cruzeiro de Jardinópolis bateu o Gazeta de Campinas pelo mesmo placar, no campo do Comercial, em Ri­beirão Preto.  Na decisão, domin­go, 9 de julho, o América ganhou de 2 a 1 do Cruzeiro, no Mário Al­ves Mendonça, e faturou o título. Como prêmio, a equipe excursio­nou pela Argentina e Paraguai, onde disputou vários amistosos.

Defendeu mais nove clubes

Com o fim do seu emprésti­mo para o América, ele retor­nou como Leivinha para o Na­cional.  O clube da Capital, no entanto, decidiu vendê-lo para o Atlético de Três Corações. Lá, disputou a Copa Sul-Mi­nas e o Campeonato Mineiro de 1974.  Também defendeu o Grêmio Catanduvense e o Monte Alto. Após a tempora­da de 1975, o empresário Iri­neu de Paula, influente nos grandes clubes na época, o le­vou para o Remo, de Belém do Pará, novamente como Joãozinho. "A troca de nome nunca me atrapalhou", diz

Retornou do Norte em 1976 e acertou com a Votupo­ranguense. No ano seguinte foi para o Fernandópolis e che­gou a assinar um pré-contrato como Santos, mas sofreu uma grave contusão justamente no amistoso entre as duas equi­pes, no estádio John Kenne­dy. "Ganhávamos de 1 a 0, gol meu e, aos 44 do 2° tempo, nu­ma dividia com o Gilberto Sorriso (lateral santista) fratu­rei a coxa direita", informa.

Era o fim do sonho de ir pa­ra o Santos. Leivinha operou, ficou parado um ano e meio e voltou a jogar, mas inseguro. "Eu não tinha confiança. Cor­ria mancando." Mesmo assim defendeu o Tanabi na Terceira Divisão (A-3 de hoje) e jogou alguns meses no Mirassol e no José Bonifácio, onde pendurou a chuteira. Passou a trabalhar como representante comercial de produtos cosméticos. Está na mesma empresa há 33 anos.