América Futebol Clube

Depois de começar a carrei­ra em clubes da região e de atuar profissionalmente em 12 times do Brasil e até do exterior, o lateral esquerdo Banana, que também chegou a ser chamado de Júnior, decidiu abandonar o futebol para dedicar-se à igreja.  Formou-se pastor evangélico e hoje, além de outras atividades, repassa os ensinamentos que ab­sorveu na Bíblia Sagrada. 

Valdemar Jorge Mineiro jú­nior é descendente de uma fa­mília de esportistas. Olivério, seu avô materno, foi zagueiro do Mirassol na década de 1940 e esteve no Corinthians. O pai dele, Lolito, jogou no gol do Mirassol nos anos 50 e 60. Ba­nana também é sobrinho de Bazani, o Rabi, maior jogador da história da Ferroviária, e Bazaninho, craque que atuou no São Paulo e no México. 

Sua mãe, Shirley, e sua tia Nadir jogaram basquete. Na­dir, inclusive, defendeu a Sele­ção Brasileira durante anos. Shirley teve uma passagem pe­lo Palmeiras. O irmão dele, Oli­vério, tentou a sorte como cen­troavante, mas jogou pouco no Mirassol no início dos anos 80. 

Com o esporte correndo em suas veias, Banana - apeli­do que carrega desde a infân­cia - rodou o Brasil jogando fu­tebol. Começou no juvenil do Mirassol em 1983, sob o co­mando do técnico Binho Botura. Como o clube da região não possuía estrutura nas catego­rias de base, Banana foi em bus­ca de planos mais audaciosos e contou com a ajuda do treina­dor José Roberto de Oliveira, que o indicou para o América. Aprovado nos testes, defen­deu o Vermelhinho no Paulis­ta Sub-20 de 1985. Destacou-se e foi convocado pelo técnico Borracha para disputar o Brasi­leiro de Seleções pela seleção paulista de novos. Também foi 4° colocado na 18ª edição da Ta­ça São Paulo de Futebol Jú­nior, em 1986. Na primeira fa­se, a equipe bateu Vila Nova-GO (1 a 0) e Flamengo (2 a 1) e perdeu do Santo André (2 a 0).  

Eliminou o Corinthians (1 a 0) nas quartas de final, mas perdeu a semifinal para o Fluminense (1 a 0). Na disputa do terceiro lugar, caiu na prorro­gação (4 a 2) diante do Juven­tus. Naquele ano, Vagner Palamin, do América, foi o artilhei­ro da competição, com seis gols.  Tudo caminhava bem até ele sofrer uma torção no torno­zelo esquerdo num amistoso dos aspirantes do Rubro em José Bonifácio. "Pisei num bu­raco", lembra. Por ironia do destino, poucos dias depois, o técnico João Avelino queria le­vá-lo para o Palmeiras.  

Quase que ao mesmo tempo, Castor de Andrade ficou saben­do da fama do promissor lateral e enviou um emissário do Ban­gu para observá-lo. "Engessei o pé, fiquei quatro meses parado e perdi as duas chances", destaca. Após a lenta recuperação, Banana voltou a jogar pelos aspirantes até ser emprestado para o Gianini, de Costa Rica, integrante da Segunda Divi­são do Mato Grosso do Sul. "Fomos campeões e subimos para a elite estadual."

O clube sul-matogrossense comprou seu passe e, no começo de 1989, o empresário Júlio Ka­to conseguiu emprestá-lo para o Honda Hamamatsu, que estava iniciando as atividades no fute­bol japonês. Banana não se adaptou e ficou apenas um mês no clube asiático. "Os japoneses queriam só atacantes. Eu não podia perder a oportunidade e joguei improvisado na frente, mas me dei mal", justifica. Ka­to também levou o meia Mura­dor, revelação do São Paulo, e o ponta-direita Jairo, do Guarani.  

Banana voltou ao Costa Ri­ca, onde desfrutava de grande prestígio. Encerrou a tempora­da disputando a Terceira Divi­são paulista pelo Gema de Monte Aprazível, do técnico José Carlos Viriato Mendes.

Campeão em três estados

No início de 1990, Jú­nior Antunes, atual diretor de futebol do Mirassol, in­dicou Banana para o Oeste de Itápolis, dirigido pelo treinador Luiz Carlos Mar­tins. A equipe fez boa cam­panha na Segundona, mas não conseguiu o acesso. "Disputamos uns 100 jo­gos naquele ano", exagera.  

Por intermédio do técni­co Orlando Bianchini (que o viu jogando pelo Oeste), Ba­nana desbravou novas fron­teiras e defendeu o Caxias-RS no Brasileiro da Série B e na Copa do Brasil de 1991. No Sul passou a ser chamado de Júnior Banana.  Também atuou no Lençoense e foi campeão alagoano pelo CSA, jogando junto com o goleiro Moacir (que atuou por muito tempo na Portuguesa), e o atacante Peu, ex-Flamengo.

Posteriormente, seguiu para o URT de Patos de Mi­nas. Em 1992 acertou com o Mirassol e disputou algumas partidas da Divisão Interme­diária (atual A-3). Permane­ceu apenas dois meses e ter­minou o ano no Para­guaçuense. "Cheguei em tem­po de ajudar o time a subir da Segunda Divisão para a intermediária", informa.  "No últi­mo jogo ganhamos de 2 a 1 da Inter, em Bebedouro."

Voltou a trabalhar com Orlando Bianchini no Caça­dorense, em 1993, durante o Campeonato Catarinense. Fi­cou até julho de 1994 e trans­feriu-se para o Avaí. "Con­quistamos o título da Segun­da Divisão de Santa Catari­na", descreve. Também este­ve no Batel de Guarapuava no Paranaense de 1995.

Atleta de Cristo fervoro­so desde 1991, Banana refle­tiu e decidiu pendurar a chu­teira, aos 28 anos de idade. "Dava para jogar mais uns três anos, mas preferi estudar e me formei pastor", diz. "Foi uma opção minha e de Deus", destaca o ex-jogador, que passou a frequentar as reuniões dos Atletas de Cris­to a convite do meia Rinaldo, com quem jogou no CSA. Hoje, ele é pastor da Igreja do Evangelho Quadrangu­lar, localizada no Vale do Sol, em Mirassol, bairro onde mo­ra coma sua família. 

Multifuncional, Banana sempre conciliou a religião com atividades paralelas. Atuou como moveleiro e há sete anos trabalha como fren­tista. Além disso, sobra tem­po para dar urna mãozinha à sua mulher, Nádia Fabiana, no salão de beleza Nad-Val, localizado à rua Rodrigues Alves, 18-87, em Mirassol. “Também sou massoterapeu­ta, que é uma massagem de relaxamento e antiestresse". Nascido em 30 de dezembro de 1966, o mirassolense Ba­nana é pai de Isabelle, de 15 anos, e ainda hoje participa de rachas com amigos.