América Futebol Clube

Sidnei Antunes dos Santos, conhecido como Beu, é o típico brasileiro sonhador que conse­guiu concretizar parte dos seus desejos. Não realizou todos por­que faltou jogar num grande clu­be. Peregrinou por várias equi­pes e na região defendeu o Amé­rica e o Tanabi. Ele se destacava nas peladas de rua e nos campi­nhos de chão batido em Lins, sua terra natal. Franzino, usava os dribles e a velocidade como suas principais armas para se desvencilhar dos adversários.

O apelido, ele ganhou em casa. "Desde que me entendo por gente sou chamado assim por minha mãe e o pessoal da família", diz Beu, que foi leva­do para o Linense por dirigen­tes do clube que o viram atuan­do em jogos entre garotos. Começou na meia-esquer­da, mas também fazia o papel de ponta. Promovido pelo téc­nico Caíto, aos 18 anos de ida­de, já estava no time profissio­nal. "Também aprendi muito com o treinador Marco Anto­nio Machado", destaca.

Arrebentando, Beu foi asse­diado por diversos clubes, mas, segundo ele, a direção do Linen­se recusava todas as propostas.  Com o passar dos anos houve um desgaste entre os cartolas e ele, que passou a ser empresta­do. A primeira vez ocorreu em 1986, quando foi para o Foz do Iguaçu. "Subimos da Segunda para a Primeira Divisão do Cam­peonato Paranaense", revela.

Após a conquista no Para­ná, retornou ao Linense. Pos­teriormente, acabou cedido ao Juventus, onde jogou com o zagueiro Juninho Fonseca, o lateral esquerdo Bizi e o talentoso meio-campista Paulo Alves, de José Bonifácio.

Em atrito com a diretoria do clube de Lins saiu mais uma vez, desta feita para ajudar o Araçatu­ba a subir da Segundona (atual A-3) para a Intermediária, em 1988.  O time era comandado por João Magoga e também contava com Garrinchinha, Edson Fuma­ça, Moraes e outros jogadores.

O desempenho dele chamou a atenção de dirigentes do Améri­ca. "O Birigui (Benedito Teixei­ra) conseguiu me trazer empres­tado." Foi dirigido pelo técnico Luis Carlos Ferreira, mas ficou pouco tempo no Vermelhinho.

A equipe tinha feito uma campanha instável na primei­ra fase, com cinco vitórias, se­te empates e nove derrotas. Beu estreou na vitória por 3 a 1 sobre o Noroeste, no estádio Mário Alves Mendonça. "Ga­nhei todos os prêmios de me­lhor jogador em campo", diz.

De volta às suas origens, fez partidas brilhantes no se­gundo semestre durante a Es­pecial (atual A-2) de 1989, principalmente nos confron­tos com o Rio Preto, que termi­naram empatados (0 a 0 no Riopretão e 2 a 2 em Lins).

Em 1990, o presidente Paulo Pereira dos Santos anunciou Beu como a principal contratação do Tanabi para a Especial. Estreou no empate sem gols com o Catan­duvense em jogo amistoso. Sua primeira partida oficial foi na vi­tória de 1 a O diante do Mirassol na abertura do Campeonato da Intermediária. Comandada pelo técnico Bira, a equipe chegou a li­derar a Série D, que contava ain­da com Francana, Sertáozinho, Rio Preto, Olímpia, Votuporan­guense e Taquaritinga.  Mas caiu de produção na reta final. 

Atuou quase cinco anos na Europa

Depois da curta passagem pelo América e de se destacar no Tanabi, Beu jogou no URT de Patos de Minas e Para­guaçuense. "Conseguimos subir de divisão com o time de Para­guaçu Paulista." Também bri­lhou no Operário, de Ponta Grossa-PR, quando teve o passe comprado pelo empresário bel­ga Ibram Brames, que veio ao Brasil para ver o meia Tico, do Coritiba. "O Ibraim assistiu ao jogo contra a gente (Operário)", diz Beu. "Tive excelente atua­ção, empatamos em 2 a 2 e fui es­colhido o melhor jogador em campo. Aí, ele levou nós dois."

Beu disputou duas tempora­das pelo KSV Zottegem, da Bél­gica, depois transferiu-se para o Nautic, de Luxemburgo, e jo­gou no Antuérpia, um dos clu­bes tradicionais do futebol bel­ga. "Ao todo fiquei quatro anos e oito meses na Europa", infor­ma o jogador, que tornou-se ídolo nos clubes europeus.

O meio-campista diz que só voltou ao Brasil por causa da morte do seu irmão Sérgio, víti­ma de infarto, em 1999. "Eu fi­quei muito tempo sozinho na Europa e aquilo (morte do ir­mão) me arrebentou." Beu ti­nha mais um ano de contrato com o Antuérpia, mas não quis voltar. "Os dirigentes chega­ram a mandar umas quatro pas­sagens aéreas para eu retornar." Apesar da insistência dos car­tolas belgas, Beu permaneceu no Brasil. "Recebi propostas do Noroeste e do Juventus. Porém, fiquei com o passe preso no An­tuérpia, que não me liberava." Desanimado, pendurou a chutei­ra. Trabalhou como entregador de jornais e numa prestadora de serviços de agências bancárias.

Depois de algum tempo, Beu viu que seu caminho era mesmo o futebol. Concluiu o curso de educação física em Marília e hoje é funcionário da Secretaria Municipal de Espor­tes e Lazer (Smel) de Rio Pre­to. Está trabalhando na comis­são técnica da equipe de fute­bol que vai representar a cida­de nos Jogos Abertos do Inte­rior, mês que vem, em Santos. Também foi treinador do time sub-13 do América no Campeo­nato Paulista da categoria.

Casado com Rosimeire, Beu é pai de Oliver, Poliana e Maria Eduarda, e avô de Ana Beatriz e Lívia, filhas de Oliver. Nascido em 16/3/1963, hoje ele mora no Jardim Antonieta, em Rio Preto.