América Futebol Clube

Marcador implacável, obediente taticamente e raçudo, Negão tornou-se ídolo da torcida do América. Pela disposição e vontade, sempre recebia a incumbência de neutralizar os principais jogadores dos times adversários. "Marquei Zinho (Palmeiras), Djalminha (Guarani e Palmeiras), Rivaldo, Edmundo, Neto, Marcelinho Carioca, Donizete (Bragantino e Fluminense) e tanta outros que costumavam desequilibrar", diz. Sem ele, o Rubro tornava-se vulnerável. 

Certa vez, Djalminha ainda atuava pelo Guarani, no Paulistão de 1994. Era o artilheiro do campeonato, com 12 gols.  Veio o duelo com o América, em 20 de março e Negão não deixou o articulado adversário andar em campo. "Minha função era destruir os habilidosos. Não deixar eles pensarem em campo.”

Carlos José de Oliveira ganhou o apelido de Negão quando era criança em General Salgado, sua terra natal.  “Eu tinha que tomar injeção e o farmacêutico Doca, pra me incentivar, começou a me chamar de Negão", explica. Depois de algumas peladas nos campinhos, Negão atuou como meia-direita no amador do Salgadense.

Em 1985,o Matsubara do Paraná, grande celeiro de craques da época, fez um amistoso em Salgado e levou o promissor talento. Jogou a Taça São Paulo Infantil pelos paranaenses, com o nome de Carlinhos. "Eu era muito novo e quis voltar pra casa", recorda.

No ano seguinte foi para o Paulista de Nhandeara, que se preparava para a Terceira Divisão. Revelado pelo técnico Chico Amorim, aos 16 anos, fez os dois gols na vitória de 2 a 0 sobre o Olímpia na sua estreia, num amistoso realizado no dia 6 de abril. 

Mancha, lateral e volante de Rio Preto que jogava no Paulista, o indicou para o diretor Pedro Favarine e o técnico Benedicto Ambrózio, ambos da base do América. Negão teve o passe comprado pelo Rubro no começo de 1987. Passou a jogar de volante, disputou o Paulista de Juniores e participou da excursão do sub-20 ao Japão, conquistando o título da Taça SBS.  Ainda atuou em duas edições da Taça São Paulo (1988 e 1989), sendo vice-campeão em 1988.

Estreou no profissional do América na vitória de 2 a 0 sobre o XV de Piracicaba, no estádio Mário Alves Mendonça, promovido por Ambrózio. Acabou convocado pelo técnico João Carlos Campos para defender a seleção paulista de juniores (sub-20) numa série de amistosos no Japão, em 1989.  "Sofri uma fissura no tornozelo direito num treino a quatro dias do embarque e acabei não indo", informa.

Firmou-se na equipe principal do Vermelhinho a partir de 1989. Independente do vai-vém de treinadores, ele atava sempre entre os titulares. "Trabalhei com Capão, Vail Motta, Nelsinho Baptista, João Carlos Costa, Arthur Bernardes, Júlio Cesar Leal e outros", enumera. Ficou no clube até 1997. No passado recente é o jogador com maior longevidade no América. "Foram 10 anos.” Sofreu com contusões e participou de poucos jogos nas duas últimas temporadas. Sua despedida foi na vitória de 2 a 0 sobre a Esportiva Araçatuba, dia 24 de março de 1996, pelo Paulistão.

Milésimo gol do Rubro no Paulista

Além de raçudo, Negão marcou alguns gols durante sua trajetória pelo América.  Foram poucos - nove em nove anos no profissional -, mas acabaram sendo importantes. Como o milésimo gol do Vermelhinho em todas as edições do Paulista – a elite do futebol estadual. Aconteceu no 1 a 1 com o Rio Branco, em Americana, em fevereiro de 1994.  O time americanense abriu o placar com o volante Nei, de cabeça.  O América empatou com um potente chute de fora área de Negão.

Outro gol que não sai da memória de Negão é o marcado por ele no empate de 1 a 1 com o Palmeiras, no Parque Antártica, em 1990. O volante do Rubro abriu o placar, aos 26 minutos. Os palmeirenses reclamaram, alegando toque de mão. O Verdão só empatou com Careca Bianchesi, no segundo tempo.  

Negão também fez um golaço na vitória de 1 a 0 sobre o Mogi Mirim, em 1991.  Ele percebeu o experiente goleiro Moacir (ex-Portuguesa) adiantado e bateu colocado, do meio da rua, mandando na gaveta.

Depois do América, Negão ainda esteve no Mirassol e Araçatuba, em 1998, mas as quatro cirurgias no joelho direito (a primeira lesão aconteceu em 1992) o impediram de jogar. Foi auxiliar técnico de Detto Pereira no Araçatuba em 1998.

Quando pendurou a chuteira, Negão, que completará 41 anos no dia 8 de julho, montou uma escolinha de futebol em General Salgado.  Solteiro, há 10 anos ele ocupa o cargo de secretário de esportes da cidade.