Texto publicado pelo torcedor americano Carlos dos Reis no site "Bola Parada".
"Fala, caro leitor!
Embora esta não seja a minha primeira coluna aqui no site, ainda me sinto no clima de estreante, como se ainda fosse a primeira vez.
E é exatamente sobre primeiras vezes que tratarei na coluna de hoje.
No fim de 2014, recebi a notícia que muda a vida de todo homem (e mulher também, claro): eu iria ser pai. Como já era algo desejado e sonhado, a surpresa foi grande, mas não maior do que minha alegria.
Não focando muito nos sentimentos desta notícia, vamos adiantar alguns meses para quando saiu o resultado da sexagem (exame para descobrir o sexo do bebê). Sim, amigos, aquele temor de leve que todo homem sente também passou por mim e então ouvi da boca da minha esposa: é menina.
Ali parecia que meus sonhos tinham acabado. Havia perdido meu companheiro de estádio, meu parceiro de resenhas futebolísticas antes mesmo de tê-lo, dele vir ao mundo.
Mas comigo seria diferente. Decidi que faria da Sophia a são-paulina e americana mais fanática do planeta.
Em 08/07/2015, no aniversário de 1 ano do inesquecível 7×1, a Sophia veio ao mundo. Naquela noite, ela deu sorte ao São Paulo e, fora de casa, ainda que contra o frágil Vasco da Gama, ganhamos de 4×0, com direito a gol de Wesley.
Então, contrariando um pouco a mãe, a partir daquele dia, passei a a forçar uma paixão pelo futebol e, em especial, pelo São Paulo Futebol Clube. Porém, depois de 3 vitórias seguidas vendo jogos com o pai, senti que era momento de parar no auge. Sim, sou supersticioso dos grandes.
Fora isso, agradeço pela Sophia não ter lembranças futebolísticas alguma deste seu primeiro ano de vida. O ano não foi nada bom para o time dela.
E o que fazer com a imagem que eu tinha comigo, levando meu filho ao estádio que sempre fica na mente?
No estádio Benedito Teixeira, o Teixeirão, em São José do Rio Preto/SP, passei as maiores alegrias de minha vida (quando o assunto é futebol) e também as maiores tristezas. Atualmente, em minha contagem, já foram 116 jogos.
Lembro-me, vagamente, de quando fui a primeira vez ao estádio. O dia era 24/04/1994 e o América recebia, em seu antigo estádio (Mário Alves Mendonça), o então bicampeão do mundo São Paulo. Na época, meu coração era apenas são-paulino, então saí de campo muito feliz (sem entender muito, claro) com os 4×0 que o São Paulo enfiou com 3 gols de Euller, o filho do vento.
A partir dali, a paixão por ir ao estádio e acompanhar o América só cresceu e é algo que dura até hoje, graças a Deus.
Mas voltamos a falar da Sophia.
Passado 1 ano, bem no final de semana de comemoração do seu aniversário, o América iria receber, em um domingo de manhã, a equipe do Tanabi, pela 13ª rodada da primeira fase da 2ª Divisão do Campeonato Paulista, a 4ª divisão na prática ou simplesmente “Bezinha” para os mais íntimos.
Então, finalmente, naquele 10/07/2016, realizei o sonho de todo pai amante de futebol: levar sua criança ao estádio.
O primeiro jogo da Sophia foi bem diferente se comparado ao meu. O América encontra-se em uma situação bem pior do que estava em 1994 e o Tanabi também está longe de ser o São Paulo bicampeão do mundo.
Porém, se eu conseguir fazer a Sophia amar o América nesta situação de dificuldades, gostar no momento bom será moleza.
Mas de uma coisa tenho certeza: existe algo mágico naquele cimento quente do Teixeirão. É como dizemos entre os torcedores, “só quem põe o traseiro no cimento quente do Teixeirão, ama de verdade o Mecão”.
Assim, o América ganha mais uma torcedora e segue a contagem.
E é este um dos legados que pretendo deixar pra Sophia e meus futuros filhos."
Sobre o autor do texto, Carlos dos Reis: Advogado de formação, amante do futebol como profissão. Tinha o sonho de ser jornalista e virou colunista. Torcedor do São Paulo e do América de São José do Rio Preto, confundindo muitas vezes qual o primeiro e segundo time. 28 anos de idade, mal acostumado a ver meu São Paulo e Seleção Brasileira sempre brigando por títulos. Morador de São José do Rio Preto, amante de Cotuba, marido da Thais e pai da Sophia.