A situação financeira do América não está boa e isso não é novidade. Com milionária dívida trabalhista, estádio sucateado e na última divisão do futebol de São Paulo, o clube precisa fortalecer seu trabalho de categorias de base para revelar e vender bons jogadores. Com parcerias, o clube entrou na disputa de três categorias neste ano e planeja jogar a Copa São Paulo de Juniores do próximo ano, como sede, para concretizar um primeiro passo. E para fazer esse trabalho, a aposta está em um velho 'Talismã', o técnico Tupãzinho, que comanda o Rubro no Paulista Sub-20 (júnior) da Segunda Divisão.
"A gente está sempre envolvido com futebol. Muita gente fala: 'mas você está no América!'. É muito grande, tem nome muito forte. Estou aqui trabalhando e vamos ver se a gente levanta o América de novo. Não é fácil, mas tem de começar", diz Tupãzinho. O Rubro é vice-líder do Grupo 3 do Estadual e neste sábado, às 15h, recebe o Catanduvense, no Teixeirão.
Apesar de levar no nome o diminutivo da cidade de Tupã, Pedro Francisco Garcia, 50 anos, é da região, nasceu em Uchôa e possui raízes por aqui. "Fui para Tupã com dez dias de vida. Saí do Tupã, onde joguei três anos para o São Bento de Sorocaba. Justificando essa cina de Talismã, em um amistoso, entrei no segundo tempo e fiz dois gols", conta o ex-jogador. "Era Pedro Garcia, Pedrinho, mas chegando em Sorocaba me disseram vai ser Tupãzinho".
O agora treinador já havia sido anunciado no clube para última edição do Estadual, mas a briga política entre Luiz Donizete Prieto, o Italiano, e José Carlos Pereira Neto, o Zé Branco, alterou o plano, que só se tornou viável após a oficialização da parceria com a empresa Faupro Import e Export Inc, dirigida por Fausto Gonçalves de Almeida Júnior e Paulo Rogério Ferreira dos Santos. "Tem de começar aos poucos, do zero. É um trabalho a longo prazo, de revelar jogadores e manter uma base para o ano que vem no profissional. Futebol tem de ter resultados, mas tem o planejamento da Copinha também, vamos ver como vai seguir até o fim do ano".
O reconhecimento dos corintianos fez com que Tupãzinho fizesse muitas amizades na cidade. Ele jogou no Timão de 1990 até 1996, fez 523 gols em 341 jogos, mas nenhum tão marcante como o da final do Brasileirão de 1990, em cima do São Paulo. "O seu Vicente Matheus era o presidente e era o único título que faltava para ele. Ninguém dava muito valor ao grupo, mas conseguimos entrar entre os oito e o título", recorda Tupãzinho. "Não tem como tirar esse jogo da cabeça, 120 mil pessoas. Os corintianos de 40 anos falam que são corintianos por causa de mim".
Mas se hoje Tupãzinho é aliado, já aprontou para o lado do Rubro. No dia 22 de abril de 1995, o Rubro vencia o Timão, mas na segunda etapa Tupãzinho entrou e empatou o duelo. "Meus tios vinham assistir à partida e falavam: não vai fazer gol, não. Mas no cruzamento do Marcelinho consegui fazer o gol antecipando o goleiro, o Neneca, só de cabeleira consegui fazer o gol. Foi legal ter parentes, amigos de infância vendo, pois eu vinha sempre pra cá passar ano novo", recorda o Talismã.
Casado com Isilenne há 26 anos, Tupãzinho é pai de Pedro Guilherme, 21, e de Giovanna, 18. "O Corinthias representou tudo. Joguei no Fluminense também, mas sempre fui o Tupãzinho do Corinthians", diz o ex-atacante, que em 2013 levou o Tupã para Série A-3 do Paulista. Ainda se elegeu vereador na cidade em 2012, mas não conseguiu a reeleição em 2016. "Foi legal aprender, mas não tive aquela vontade de ficar na política".
